Rio de Janeiro, 23 de Julho de 2025

Rio reduz frota de ônibus em 20% durante transição para o Jaé

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Quarta, 16 de Julho de 2025 às 10:51, por: CdB

O corte, que já começou a ser anunciado pelas empresas nas redes sociais, deve se refletir diretamente em mais tempo de espera nos pontos e maior lotação nos coletivos.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

A rotina dos passageiros de ônibus no Rio de Janeiro ficará ainda mais difícil a partir desta semana, informa reportagem do diário conservador carioca O Globo. A Prefeitura publicou, na segunda-feira, uma nova resolução que autoriza uma redução média de 20% na quantidade de viagens de ônibus na cidade.

Rio reduz frota de ônibus em 20% durante transição para o Jaé | Além da troca obrigatória do cartão, usuários enfrentam mais espera, frota menor e falhas recorrentes no sistema de transporte
Além da troca obrigatória do cartão, usuários enfrentam mais espera, frota menor e falhas recorrentes no sistema de transporte

O corte, que já começou a ser anunciado pelas empresas nas redes sociais, deve se refletir diretamente em mais tempo de espera nos pontos e maior lotação nos coletivos.

Essa é apenas uma das mudanças que marcam o mês de julho no transporte público carioca. Desde o dia 5, está em vigor a obrigatoriedade do uso do novo cartão Jaé para os passageiros que têm direito à gratuidade, como idosos, estudantes da rede pública e pessoas com deficiência. O Riocard, que ainda é aceito para os demais usuários, deixará de valer nos modais municipais em 2 de agosto, quando o Jaé passará a ser o único sistema de bilhetagem eletrônica nos ônibus administrados pelo município.

Nota baixa no serviço e frota em queda

A mudança no cenário do transporte ocorre em meio a uma série de indicadores negativos sobre a qualidade do serviço. Segundo o Índice de Qualidade do Transporte (IQT) referente ao primeiro trimestre de 2025, nenhuma das 478 linhas avaliadas no período alcançou nota máxima. A melhor avaliação foi da linha 448 (índice 0,95), enquanto a pior foi a SP553 (índice 0,31).

Os critérios analisados incluem atendimento, regularidade, funcionamento do ar-condicionado e satisfação do usuário. De março para julho, a frota licenciada teve queda de 2,81%, passando de 4.085 para 3.970 ônibus. A idade média da frota é de 6,4 anos e 213 veículos ainda circulam sem climatização, embora 94,63% tenham ar-condicionado.

Multas e falhas recorrentes

De janeiro até o dia 15 de julho, a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) já aplicou 7.862 multas. O mês de abril foi o recordista, com 1.815 autuações — cerca de 23% do total. Em julho, até a manhã do dia 15, foram registradas 192 infrações, das quais 58 por alteração ou não cumprimento do itinerário autorizado.

Logo em seguida, aparece a infração por inoperância ou mau funcionamento do ar-condicionado, uma queixa antiga dos passageiros. Desde dezembro do ano passado, a prefeitura passou a instalar sensores de temperatura nos ônibus, ameaçando cortar o subsídio das empresas em caso de descumprimento. Neste ano, já foram 1.223 multas por esse motivo, quase o dobro das 619 registradas no mesmo período de 2024. Com base nessas falhas, o município afirma ter descontado R$ 3,3 milhões em subsídios.

A promessa de uma frota 100% climatizada remonta a 2014, quando o prefeito Eduardo Paes se comprometeu a cumprir essa meta até 2016. À época, a tarifa subiu sob a justificativa de financiar a modernização da frota. Mais recentemente, um decreto publicado em janeiro de 2023 determinou que, caso o ar-condicionado estivesse desligado, a prefeitura não pagaria o subsídio diário à empresa.

No início de julho, uma nova resolução foi publicada para intensificar a fiscalização. A partir do dia 16, os sensores instalados em ônibus fabricados até 2019 começarão a ser usados para fins de penalização. A prefeitura afirma já ter instalado cerca de 2.200 desses sensores.

Outros problemas frequentes

Além do ar-condicionado, a inoperância de dispositivos de acessibilidade gerou 573 multas em 2025, três vezes mais do que no mesmo período de 2024 (184). Outras infrações comuns incluem não realizar vistorias (894), mau estado de bancos (452), falta de limpeza (412) e problemas em caixas de vista eletrônica (352). Também são frequentes as punições por piso rachado ou solto (298), falhas nos dispositivos de sinalização sonora ou visual (266) e danos no revestimento interno dos veículos (147).

Cartão Jaé substitui Riocard

Enquanto lida com falhas operacionais, a prefeitura também pressiona os passageiros a aderirem ao Jaé, novo sistema de bilhetagem que substituirá completamente o Riocard nos ônibus da cidade a partir de 2 de agosto. Desde 5 de julho, os usuários com gratuidade já são obrigados a utilizar o novo cartão.

Segundo a prefeitura, a migração para o Jaé visa dar maior transparência ao sistema, rompendo com o controle que empresários do setor ainda exercem sobre a gestão do Riocard. A transição, iniciada em julho de 2023, sofreu sucessivos adiamentos — o plano original era completar a migração em fevereiro de 2024. As datas posteriores foram prorrogadas por falta de integração com os modais estaduais, como trem, metrô e barcas.

Embora a prefeitura tenha inaugurado novos postos de atendimento e ampliado horários, muitos usuários ainda enfrentam filas, dificuldades para receber o cartão e dúvidas sobre o funcionamento do novo sistema. Sem a esperada integração com os modais do estado, muitos passageiros precisarão carregar dois cartões no bolso — Jaé para os ônibus municipais e Riocard para trens, metrô e barcas.

As integrações do Bilhete Único Carioca, com tarifa de R$ 4,70 no período de três horas, continuarão valendo apenas para quem usar o Jaé. Para os usuários do Bilhete Único Intermunicipal (BUI), nada muda. Os validadores do Riocard continuarão nos ônibus da capital apenas para atender esse público, estimado em mais de 310 mil pessoas, segundo dados de junho deste ano.

Com menos ônibus nas ruas, mais filas, multas por falhas crônicas e dificuldades na transição para o Jaé, o que já era uma jornada desgastante para o carioca que depende do transporte público está se tornando, em pleno 2025, ainda mais penosa.

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