Deputados governistas ouvidos pela mídia conservadora disseram que o comportamento da federação PT-PCdoB-PV contra a PEC da Blindagem, votada ao longo das últimas horas, gerou um sentimento de vingança por parte do presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB).
Por Redação – de Brasília
O Projeto de Lei (PL) da Anistia, que propõe o fim das condenações aos condenados pelos atos golpistas do 8 de Janeiro, reacendeu os embates entre governistas e bolsonaristas na Câmara. A Casa se preparava para votar ainda nesta quarta-feira o pedido de urgência na tramitação, quando o texto poderia ser analisado a qualquer momento diretamente no Plenário da Casa, sem passar por qualquer comissão, nem mesmo a de Constituição e Justiça (CCJ).

Deputados governistas ouvidos pela mídia conservadora disseram que o comportamento da federação PT-PCdoB-PV contra a PEC da Blindagem, votada ao longo das últimas horas, gerou um sentimento de vingança por parte do presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que passa a apoiar um formato de anistia mais próximo do desejado por bolsonaristas.
Moeda
No encontro fora da agenda ocorrido na véspera com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio da Alvorada, Motta tentou negociar o apoio da bancada governista à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que impede a abertura de processos contra parlamentares. A moeda de troca seria barrar o avanço de um perdão que livrasse Jair Bolsonaro da cadeia. Mas Lula não concordou com os termos oferecidos.
Nesta madrugada e ao longo de toda a manhã, a Câmara aprovou a PEC com 344 votos a favor, bem acima do mínimo de 308 necessários, e apenas 134 contrários em segunda votação.
— A PEC da Blindagem era muito cara ao ‘Centrão’. A posição do partido de Lula faz com que o grupo decida devolver na mesma moeda e apoiar uma medida que conta com a resistência do governo — prevê o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Filipe Barros (PL-PR).
Aliados
A decisão de Lula, segundo parlamentares do ‘Centrão’, tende a agilizar o andamento do PL da Anistia; além de queimar as poucas pontes que ainda mantinha intactas com as legendas do grupo. Líderes do bloco reconheciam ao longo da sessão, na véspera, que o discurso dos aliados de Lula na Câmara acabava por jogar as legendas de centro no colo do bolsonarismo. O fato tende a aumentara as chances de a urgência do texto contar com a adesão de partidos da direita.
No Senado, porém, a história é outra. A proposta de anistia defendida pelos bolsonaristas conta com a ferrenha oposição do presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (UB-AP), que já avisou acerca da indisposição para pautar a medida na Casa.
O provável veto de Lula e a possível judicialização do PL também desanimam possíveis apoiadores do chamado ‘libera geral’, o que torna o cenário ainda mais imprevisível.