Conhecida como ‘Capitã Cloroquina’, Pinheiro ficou conhecida por defender o uso do chamado ‘Kit Covid’, que inclui remédios sem eficácia contra o coronavírus e ainda oferecem riscos.
Por Redação - de Brasília
Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, a médica Mayra Pinheiro será a depoente na CPI da Covid, nesta terça-feira. O senador Humberto Costa (PT-PE) promete questionamentos sobre as ações e omissões do governo federal durante a crise sanitária de Manaus.
Conhecida como ‘Capitã Cloroquina’, Pinheiro ficou conhecida por defender o uso do chamado ‘Kit Covid’, que inclui remédios sem eficácia contra o coronavírus e ainda oferecem riscos. Na última sexta-feira, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu o direito para que ela permaneça calada sobre assuntos que envolvam a crise da saúde, em Manaus.
Cloroquina
O direito ao silêncio foi dado após Mayra Pinheiro se tornar uma das investigadas em inquérito do Ministério Público Federal que apura a falta de oxigênio e difusão do tratamento precoce contra a Covid em Manaus. Outras seis pessoas também são investigadas, incluindo o ex-ministro Eduardo Pazuello.
Humberto Costa afirmou, nesta segunda-feira, à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA) que apesar da decisão do STF a CPI buscará a apuração sobre o tema.
— Vamos questionar sobre os médicos que a acompanhavam nas idas a Manaus, a imposição dela para que Unidades Básicas de Saúde (UBS) utilizassem cloroquina. A população de Manaus foi usada de experimento pelo governador Wilson Lima e o presidente Jair Bolsonaro. O depoimento dela é importante — afirmou.
Aglomeração
Outro ponto a ser observado, na CPI da Covid, é a atitude do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que voltou a se aglomerar, sem máscara, com centenas de apoiadores, na capital carioca. Com o país perto de registrar 450 mil mortes por covid-19, o mandatário da República desfilou de moto com outros motociclistas e ainda participou de uma manifestação.
A manifestação motorizada, na realidade, é uma tentativa de demonstração de força de alguém que está cada vez mais acuado, à frente de um governo marcado por denúncias de omissão na condução da pandemia com uma economia frágil. Diante desses fatos, Bolsonaro reafirma sua aposta nos segmentos mais fiéis e radicais, que estão dispostos a ignorar o mundo e acreditar no que defende o líder.
A avaliação é da professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ), Mayra Goulart, coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada. À RBA, ela aponta que Bolsonaro tem agido de forma cada vez mais agressiva em seus gestos políticos.
No seu passeio de moto neste domingo, o presidente provocou aglomeração na capital fluminense, apesar dos decretos da prefeitura e do governo estadual que impedem atos do tipo na cidade cuja taxa de ocupação dos leitos de UTI está acima de 95%.
Mídia
Mayra conclui, contudo, que o atual momento de “erosão das instituições brasileira” tem origem quando as lideranças do PSDB, após a eleição de 2014, questionaram o resultado que garantiu a presidência a Dilma Rousseff (PT).
— Uma coisa que nunca tinha acontecido na Nova República — destaca.
Ali, lembra ela, a mídia comercial ajudou a criar “um balão de ensaio de uma crise econômica e social que não existiam, em que o PT ‘quebrou’ o país”. Esse “caldo cultural’, afirma a professora, fomentou o bolsonarismo de hoje.