Segundo Ministério da Defesa de Moscou, dois homens de ex-repúblicas soviéticas causaram um total de quase 30 mortos e feridos. Local foi campo treinamento de guerra para mobilização a regiões ocupadas da Ucrânia.
Por Redação, com DW - de Moscou
Durante o treinamento de "voluntários" para a guerra na Ucrânia, um tiroteio resultou no sábado em ao menos 11 mortos e 15 feridos num campo de tiro militar russo, na região fronteiriça sudoeste de Belgorod. Segundo o Ministério da Defesa de Moscou, "dois cidadãos de um Estado da CEI" teriam perpetrado um "atentado terrorista".
"Atentado terrorista" mata e fere em campo militar russo
A Comunidade dos Estados Independentes (CEI) é uma organização intergovernamental informal que integra 11 repúblicas antes pertencentes à União Soviética. Os perpetradores abriram fogo com rifles automáticos durante exercícios de treino e prática de tiro. Após o ato, "ambos os terroristas foram mortos a tiros", arrematou o ministério.
Em 21 de setembro, após reveses militares na Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, decretou uma "mobilização parcial", visando reunir 300 mil reservistas para garantir as regiões ocupadas no leste e sul ucranianos. A medida desencadeou protestos e a fuga de dezenas de milhares de russos. Apesar disso, na sexta-feira Putin anunciou que mais de 220 mil reservistas já tinham sido convocados.
Embora a promessa fosse que apenas quem servira recentemente nas Forças Armadas seria mobilizado, ativistas e grupos de direitos humanos relatam que escritórios de recrutamento estão assediando e coagindo homens sem qualquer experiência militar e até mesmo inaptos a servir o Exército por razões médicas.
Alguns dos reservistas recém-convocados publicaram vídeos em que são forçados a dormir no chão, até mesmo na rua, e recebem armas enferrujadas antes de ser enviados para o front de batalha. As autoridades russas reconheceram que a mobilização muitas vezes foi mal organizada e prometeram melhorar a situação.
França oferece treinamento militar para ucranianos
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, desencadeando uma guerra que mergulhou a Europa numa crise de segurança considerada a mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A situação foi agravada pela anexação de quatro regiões ucranianas por Moscou, justificada em pseudorreferendos, uma tática repudiada pela ONU em 12 de outubro como "tentativa ilegal".
Até hoje descrita oficialmente como uma "operação militar especial" visando "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, a invasão russa é condenada pela comunidade internacional em peso e rebatida com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções políticas e econômicas.
Neste domingo, o Ministério francês da Defesa anunciou a intenção de treinar até 2 mil soldados ucranianos. Já houve cursos para a operação de peças de artilharia específicas, como o obus Caesar, mas agora se pretende ir um pouco mais longe, disse o ministro Sébastien Lecornu ao jornal Le Parisien. A França já forneceu 18 Caesars ao país sob invasão russa e pretende enviar outros, assim como sistemas de defesa aérea do tipo Crotale.