Furto bate recorde desde 2003 e roubo tem maior alta desde 2019, apesar de queda na letalidade violenta.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
O Estado do Rio de Janeiro vive uma escalada nos crimes relacionados a celulares. Apenas nos cinco primeiros meses de 2025, mais de 30 mil ocorrências de roubo ou furto de aparelhos foram registradas, o que representa uma média alarmante de um caso a cada sete minutos.

Os dados, divulgados nesta terça-feira pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), mostram que o total de ocorrências teve um aumento de 22% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Entre janeiro e maio, foram registrados 10.879 roubos de celulares, uma alta de 29,8%, e 19.257 furtos, com crescimento de 18,5%. O número de furtos é o maior da série histórica, iniciada em 2003, e o total de casos, somando roubos e furtos, nunca foi tão alto no estado. Já os roubos voltaram a atingir os patamares mais elevados desde 2019.
Em resposta à onda de crimes, a Polícia Civil lançou a Operação Rastreio, voltada ao combate ao roubo, furto e receptação de celulares. No dia 24 de junho, cerca de 3 mil usuários de aparelhos identificados como roubados foram notificados para que devolvessem os dispositivos em uma delegacia, evitando a responsabilização por receptação. Ainda não há informações oficiais sobre quantos aparelhos foram efetivamente entregues.
Onde os crimes mais ocorrem
Levantamento do ISP com base nas dez circunscrições policiais com maior número de roubos e furtos de celular nos cinco primeiros meses de 2025 revela que tanto a capital quanto a Baixada Fluminense concentram os maiores volumes de ocorrências.
As delegacias com mais roubos de celular registrados no período são:
59ª DP (Duque de Caxias) – 541 casos
18ª DP (Praça da Bandeira) – 459 casos
5ª DP (Mem de Sá – Centro do Rio) – 438 casos
32ª DP (Taquara) – 405 casos
9ª DP (Catete) – 375 casos
27ª DP (Vicente de Carvalho) – 372 casos
29ª DP (Madureira) – 369 casos
10ª DP (Botafogo) – 316 casos
64ª DP (Vilar dos Teles – São João de Meriti) – 309 casos
52ª DP (Nova Iguaçu) – 298 casos
Já os furtos de celular se concentram principalmente em áreas turísticas e comerciais da cidade do Rio:
5ª DP (Mem de Sá – Centro do Rio) – 1.564 casos
9ª DP (Catete) – 1.531 casos
12ª DP (Copacabana) – 1.220 casos
14ª DP (Leblon) – 1.081 casos
1ª DP (Praça Mauá) – 1.028 casos
16ª DP (Barra da Tijuca) – 992 casos
10ª DP (Botafogo) – 709 casos
18ª DP (Praça da Bandeira) – 601 casos
13ª DP (Ipanema) – 549 casos
4ª DP (Praça da República) – 517 casos
Letalidade violenta tem queda histórica
Apesar da alta nos crimes patrimoniais, o ISP também apontou uma redução significativa nos índices de violência letal no estado. Em maio, foram registradas 308 vítimas, contra 357 no mesmo mês de 2024 — uma queda de 13,7%. É o menor número de mortes por homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e morte por intervenção de agentes do Estado em um mês de maio desde 1991, quando teve início a série histórica.
O dado mais expressivo é a redução nas mortes em confronto com a polícia. Em maio de 2025, foram 44 registros, o que representa uma queda de 47,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior. É o menor número de mortes em ações policiais em maio dos últimos 10 anos.
Os roubos de veículos também apresentaram queda significativa: foram 1.688 registros em maio, redução de 31,5% em relação a maio de 2024.
Desafios para a segurança pública
Enquanto a violência letal cede, os crimes de rua, especialmente os ligados a celulares, avançam e expõem desafios à segurança pública. Especialistas apontam que o comércio clandestino de aparelhos, aliado à impunidade e à alta demanda por dispositivos baratos, impulsiona o crescimento dessas ocorrências.
A Operação Rastreio busca justamente desarticular a cadeia de receptação, alcançando inclusive os usuários finais que compram aparelhos de procedência duvidosa. A Polícia Civil promete novas fases da operação nos próximos meses, com uso de tecnologia de rastreamento e cruzamento de dados para recuperar mais celulares e responsabilizar quem participa do ciclo criminoso.
As autoridades esperam que o aumento da repressão ajude a frear os índices alarmantes de 2025. Até lá, a recomendação é reforçar os cuidados com o aparelho, especialmente em locais públicos e de grande circulação.