Felipe Curi, secretário da Polícia Civil, acusa artista de ligação direta com o Comando Vermelho: ‘bandido da pior espécie’.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
O cantor Oruam será indiciado por associação ao tráfico, resistência qualificada, dano ao patrimônio público e desacato após protagonizar, junto a amigos, um confronto com agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) na noite de segunda-feira, na mansão onde mora, no bairro do Joá, Zona Oeste do Rio. A operação visava cumprir um mandado de busca e apreensão contra um adolescente identificado como Menor Piu, ligado ao Comando Vermelho e procurado por roubo de veículos.

O caso ganhou novo desdobramento nesta terça-feira, quando o secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, fez duras declarações durante entrevista ao programa jornalístico da TV Globo, Bom Dia Rio. Segundo ele, Oruam passou a linha do aceitável e agora deve ser tratado como integrante do crime organizado.
– Oruam é um marginal, bandido, delinquente, criminoso e associado para o tráfico, um bandido da pior espécie – afirmou Curi. “Se havia alguma dúvida de que o Oruam seria um artista periférico ou um marginal da pior espécie, hoje nós temos certeza de que se trata de um criminoso faccionado, ligado ao Comando Vermelho, facção que o pai dele, o Marcinho VP, controla a distância de fora do Estado, mesmo estando preso em presídio federal.”
A tentativa de apreensão ocorreu quando os policiais, comandados pelo delegado Moysés Santana, cercaram a casa de Oruam após receberem informações de que o jovem estava com o artista. De acordo com a DRE, Menor Piu seria um dos seguranças de Edgar Alves de Andrade, o Doca, considerado um dos chefes do Comando Vermelho.
O cerco foi montado e, no momento em que o rapper e o jovem deixaram a residência, os agentes os abordaram. Menor Piu foi apreendido e a confusão rapidamente escalonou, com Oruam usando suas redes sociais para convocar ajuda: “Quem tiver de moto brota no Joá”, escreveu em um dos stories. “Me ajuda, eles estão aqui na minha porta.”
Enquanto os agentes tentavam colocar o jovem em uma viatura descaracterizada, o cantor começou a hostilizar a equipe:
– Delegado da Civil! Ei, Moysés! Tu é c*zão! Filha da puta! Tá tudo gravado! Você é covarde! – gritou o MC
Logo em seguida, amigos do rapper que estavam nos jardins da casa começaram a atirar pedras contra os policiais. Um dos agentes foi atingido. Em meio ao tumulto, o adolescente conseguiu abrir a porta traseira da viatura e fugiu.
Oruam voltou às redes sociais para relatar o ocorrido: “Aí, tropa, posta isso daí, tropa: tem mais de 20 viaturas na porta da minha casa. O mesmo delegado que me prendeu, eu estava saindo, botou uma pistola na minha cara, tentou me prender, conseguimos sair.”
Os policiais entraram na casa e prenderam um dos supostos agressores, que foi autuado por resistência, desacato, lesão corporal e dano ao patrimônio público.
Horas depois, Oruam publicou um novo vídeo, afirmando estar no Complexo da Penha, Zona Norte da capital, e repetiu que havia sido alvo de uma operação com “mais de 20 viaturas”.
Quem é Oruam
Oruam, nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, é filho do traficante Marcinho VP, preso por homicídio, tráfico de drogas e formação de quadrilha. O artista ostenta em seu corpo tatuagens em homenagem ao pai e também a Elias Maluco, seu padrinho, condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes.
A Polícia Civil investiga se o episódio no Joá faz parte de uma movimentação mais ampla de articulação entre o tráfico e o universo da música. O caso, que envolve agressões contra policiais e a facilitação da fuga de um menor procurado, pode levar a novos desdobramentos, inclusive com a possível prisão preventiva do cantor. O menor segue foragido.