O grupo é acusado de atuar de forma sistemática na obtenção de benefícios assistenciais indevidos, especialmente o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira a Operação Fraus, com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa que há mais de uma década aplicava fraudes milionárias contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O grupo é acusado de atuar de forma sistemática na obtenção de benefícios assistenciais indevidos, especialmente o Benefício de Prestação Continuada (BPC), destinado a pessoas com deficiência e idosos de baixa renda.
A ofensiva da PF incluiu o cumprimento de mandados de busca e apreensão em sete cidades do estado do Rio de Janeiro: três no município do Rio, dois em Armação dos Búzios e outros em Cabo Frio, São Gonçalo e Casimiro de Abreu. As ordens judiciais foram expedidas pela 8ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
As investigações revelam um esquema sofisticado e bem estruturado, composto por servidores públicos, gerentes bancários, profissionais gráficos e correspondentes bancários. Os integrantes da quadrilha usavam seus conhecimentos técnicos e acessos privilegiados para fraudar requerimentos, manipular sistemas e reativar benefícios suspensos, tudo em nome de terceiros, cujos dados eram obtidos de forma ilegal por meio de plataformas restritas.
Prejuízo milionário
Somente nos últimos seis meses, as ações do grupo causaram um prejuízo superior a R$ 1,6 milhão aos cofres públicos. Considerando o tempo total de atuação da organização, a PF estima que o rombo possa ultrapassar os R$ 30 milhões.
O esquema funcionava de forma industrial: os criminosos protocolavam vários requerimentos por dia, mas nem sempre conseguiam abrir contas bancárias em volume suficiente para viabilizar os saques. Isso levava, muitas vezes, à suspensão dos benefícios por falta de movimentação.
Segundo a PF, os gerentes bancários cooptados recebiam propina de cerca de R$ 500 por cada conta aberta, enquanto os benefícios concedidos eram revendidos por até R$ 2.500, ou, em alguns casos, mantidos sob o controle direto do grupo.
O “Rei do Benefício”
Um dos principais alvos da operação é um dos líderes da organização, apelidado pelos comparsas de “Professor” e “Rei do Benefício”. Ele era o responsável por ensinar aos demais integrantes as práticas fraudulentas, orientando sobre como montar requerimentos falsos, manipular a plataforma Meu INSS e reativar benefícios suspensos.
A plataforma federal, voltada ao cadastro e acompanhamento de pedidos de aposentadoria e outros auxílios, era amplamente explorada pelo grupo, que possuía conhecimentos técnicos suficientes para burlar suas regras de segurança e agir sem levantar suspeitas por longos períodos.
Próximos passos
Com a deflagração da Operação Fraus, a Polícia Federal visa aprofundar as investigações para responsabilizar todos os envolvidos e recuperar parte dos valores desviados. A PF destacou que a organização atuava com “divisão de tarefas e conhecimento técnico avançado”, o que reforça a gravidade do esquema.
Os investigados poderão responder pelos crimes de organização criminosa, estelionato contra a administração pública, falsidade ideológica e inserção de dados falsos em sistema de informação pública. Somadas, as penas podem ultrapassar 20 anos de prisão.