Apesar da aparente normalidade, moradores ainda relatam medo. Pelas redes sociais, alguns estavam receosos de sair para o trabalho nessa manhã.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A Polícia Militar reforçou o patrulhamento em Bangu e Senador Camará, na Zona Oeste do Rio, nesta sexta-feira, um dia depois da operação conjunta com a Civil, que deixou seis mortos e dois presos na Vila Aliança. Não há alterações nos transportes públicos que circulam na região, mas 10 escolas estão fechadas.

Apesar da aparente normalidade, moradores ainda relatam medo. Pelas redes sociais, alguns estavam receosos de sair para o trabalho nessa manhã.
“A gente nunca sabe quando pode começar tudo de novo. Ontem parecia guerra”, escreveu um perfil no X. “É impossível viver sem medo. Eu não consigo mandar meu filho tranquilo para a escola depois do que vimos”, disse outro.
Veja os principais pontos da megaoperção:
O objetivo dos agentes era prender Bruno da Silva Loureiro, o Coronel, chefe do tráfico no Muquiço, acusado de mandar matar a jovem Sther Barroso dos Santos, e José Rodrigues Gonçalves Silva, o Sabão da Vila Aliança. Ambos são figuras chaves na facção Terceiro Comando Puro e conseguiram fugir.
Seis suspeitos foram mortos em uma casa onde mantinham um pastor e uma criança reféns; dois terminaram presos.
Quatro fuzis e pistolas foram apreendidas.
Dois helicópteros da Core trocaram tiros com criminosos; moradores registraram em vídeos.
Traficantes incendiaram ao menos quatro ônibus e ergueram barricadas na Avenida Santa Cruz.
O ramal Santa Cruz da SuperVia ficou interrompido por horas; ônibus de pelo menos seis linhas foram usados como barricada e outros tiveram itinerários desviados.
Duas unidades de saúde municipais fecharam temporariamente; escolas tiveram aulas presenciais mantidas, mas alunos chegaram a se proteger de tiros dentro das salas.
Os chefões do tráfico
Coronel é apontado como responsável pela morte da jovem Sther Barroso dos Santos, espancada em um baile funk em Senador Camará. Já Sabão tem dois mandados de prisão em aberto e é considerado o principal chefe do tráfico nas comunidades da Vila Aliança e da Coreia. Ambos são ligados a facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP).
Bruno e José, segundo as investigações, se abrigaram na região, o que motivou operação emergencial das forças de segurança.
Quem é Sabão?
José Rodrigo Gonçalves Silva, conhecido como Sabão, é apontado pela polícia como chefe do tráfico de drogas das comunidades Vila Aliança e Coreia, em Senador Camará, Zona Oeste. Ligado ao TCP, o criminoso é considerado um dos principais nomes da facção na região e tem sido alvo constante de operações policiais nos últimos anos.
Coronel
Foragido da Justiça, Coronel acumula uma longa ficha criminal, com ao menos 12 mandados de prisão nos últimos cinco anos por crimes como homicídio, tráfico, roubo e porte ilegal de armas.
Ele está sendo investigado por envolvimento na morte de Sther. A jovem foi espancada até a morte e teve o corpo abandonado na porta de casa, na Vila Aliança, após se recusar a acompanhar o traficante em um baile funk na comunidade da Coreia, em Senador Camará, Zona Oeste do Rio.
Criminosos aterrorizam motoristas na Avenida Santa Cruz
Criminosos aterrorizaram motoristas na Avenida Santa Cruz, em Bangu, na tarde de quinta-feira. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra ao menos três homens com o rosto coberto impedindo a passagem de veículos. Aos gritos, os suspeitos ordenavam que os motoristas abandonassem os carros.
Em uma das cenas, um casal aparece correndo após deixar o carro no meio da via.
Prisão em flagrante em Bangu
De acordo com a Polícia Militar, equipes do 14º BPM (Bangu) prenderam dois homens na própria Avenida Santa Cruz no início da tarde. Com eles, foram apreendidos uma pistola e entorpecentes.
Durante a ação, um dos suspeitos tentou atravessar um ônibus e fugir em direção à comunidade do Sossego, mas acabou detido pelos policiais.
Operação policial em Senador Camará
O clima também foi de tensão na região da Vila Aliança, em Senador Camará, onde as polícias Civil e Militar realizaram uma operação para prender envolvidos na morte de Sther Barroso dos Santos, de 22 anos, brutalmente espancada após sair de um baile funk na comunidade da Coreia.
Segundo a Polícia Civil, seis suspeitos morreram em confronto com policiais. Inicialmente, a corporação havia informado oito mortes, mas corrigiu os números.
Ônibus usados como barricadas e incêndio em Santa Cruz
Durante a operação, criminosos usaram seis ônibus como barricadas para impedir o avanço das forças de segurança na comunidade.
Já em Santa Cruz, um ônibus pegou fogo na Rua Felipe Cardoso, por volta das 14h. Apesar da coincidência de horário, o incêndio não teve relação com os ataques de criminosos. Segundo a RioÔnibus, o coletivo apresentou uma pane elétrica.
O tiroteio afetou a circulação de trens na região. Pela manhã, as composições do ramal Santa Cruz circularam apenas no trecho entre as estações Central do Brasil e Bangu, e entre Campo Grande e Santa Cruz.
No fim da tarde, voltou a operar da Central do Brasil a Bangu, e entre Campo Grande e Santa Cruz. Na última atualização, a Supervia informou, por volta das 19h, que a circulação entre Santa Cruz e Deodoro já estava em processo de normalização. Os trens paradores seguirão até os terminais com intervalo médio de 20 minutos, segundo a concessionária.
Dez unidades de saúde e seis escolas foram afetadas em decorrência dos tiroteios.
Por causa da ocorrência, a via foi interditada na altura do BRT Cajueiros, no sentido Avenida Brasil.