Rio de Janeiro, 04 de Setembro de 2025

Posto em São Paulo é investigado por ligação com esquema do PCC

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Quinta, 04 de Setembro de 2025 às 14:20, por: CdB

Operação Carbono Oculto aponta Auto Posto Bixiga como destino de carregamentos de metanol desviados para fraudar combustíveis.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

O Auto Posto Bixiga Ltda., localizado na esquina da Rua Manoel Dutra com a Rua João Passalacqua, no bairro da Bela Vista, em São Paulo, foi identificado pela Justiça como um dos destinos de carregamentos de metanol desviados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). O combustível adulterado era comercializado no local, segundo as apurações da Operação Carbono Oculto, que investiga a infiltração da facção criminosa no setor de combustíveis. As informações são do portal g1.

Posto em São Paulo é investigado por ligação com esquema do PCC | Investigação mira posto paulista por suspeita de envolvimento com PCC
Investigação mira posto paulista por suspeita de envolvimento com PCC

De acordo com documentos judiciais, o posto foi alvo de ao menos 30 notificações entre 2022 e 2024 e interditado quatro vezes pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Em uma das fiscalizações, realizada em junho de 2022, foi detectado alto teor de metanol no etanol vendido aos consumidores.

Destino do metanol desviado

A investigação revelou um sistema que envolvia desde a importação até a distribuição de combustíveis adulterados. O metanol, substância não produzida no Brasil, era regularmente importado pelo terminal de Paranaguá (PR), com notas fiscais emitidas em nome de distribuidoras como a Quantiq. O destino formal eram empresas químicas em Primavera do Leste (MT), como a MANNABIO, que utilizariam o produto na fabricação de biodiesel.

Na prática, porém, caminhões desviavam pela Rodovia Régis Bittencourt e descarregavam as cargas em postos da Grande São Paulo, incluindo o Auto Posto Bixiga. Para mascarar as operações, o PCC usava notas fiscais frias que simulavam transporte de álcool ou gasolina. A ANP permite apenas 0,5% de metanol na gasolina, mas em alguns postos controlados pela facção o percentual chegava a 50%.

Prejuízo ao consumidor

O motorista Vinícius Pimenta relatou ter sentido os efeitos da adulteração após abastecer no Auto Posto Bixiga, em 2022. “O carro começou a ‘morrer’ do nada enquanto eu dirigia, até que um dia não ligou mais. Tive que chamar o guincho, dentro do meu próprio prédio, para levar à oficina”, contou.

O mecânico John Lenon Garcia, que reparou o veículo, confirmou que o problema estava no combustível adulterado. “Criou corrosão na bomba de combustível, tivemos que trocar sensor de nível, limpar os bicos injetores e as velas. Foi preciso fazer uma geral na injeção eletrônica”, disse. Segundo ele, esse tipo de fraude pode custar caro. “Combustível de má qualidade é dos maiores causadores de dano ao motor. Já vimos casos de clientes que gastaram mais de R$ 7 mil em reparos por causa disso.”

Interdições e punições

O proprietário do Auto Posto Bixiga é Celso Abugao Silveira, mas seu nome não aparece nas decisões públicas relacionadas à operação. A ANP afirmou que o posto foi desinterditado após comprovar a cessação das irregularidades, sem prejuízo dos processos administrativos. A agência lembra que as multas aplicadas a postos autuados podem variar de R$ 5 mil a R$ 5 milhões.

Apesar disso, no dia da deflagração da Operação Carbono Oculto, o estabelecimento permanecia fechado com tapumes.

Rede de postos investigados

A Justiça de São Paulo citou ao menos 19 postos de combustíveis ligados ao esquema, que movimentava mais de 10 milhões de litros de metanol. A rede incluía estabelecimentos em São Paulo, Goiás e outras cidades, com envolvimento de empresários apontados como operadores financeiros do PCC.

Entre eles, estão postos de propriedade de Armando Hussein Ali Mourad, irmão de Mohamad Hussein Mourad, acusado de liderar parte do esquema, além de unidades ligadas a Renan Cepeda Gonçalves, Luciane Gonçalves Brene Motta de Souza, Alexandre Motta de Souza e outros investigados.

Segundo a Receita, a facção utilizava mais de mil postos em todo o país para lavar dinheiro, recebendo valores em espécie ou via maquininhas e repassando-os a contas da organização criminosa.

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