Presidente deu um passo adiante além da costumeira afirmação das chamadas as “entregas de governo”, focadas sobretudo na ampliação de programas sociais compensatórios, a exemplo do Bolsa Família.
Por Luciano Siqueira – de Brasília
Desde garoto ouço o aforismo “há males que vêm para o bem”. Ou seja, a adversidade momentânea dá azo a um passo adiante.
Acontece agora com o tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, taxando em 50% os produtos importados do Brasil; e ainda associando a iniciativa à defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, mergulhado em processos que poderão conduzi-lo à cadeia.

Lula argumenta que as tarifas impostas pelos EUA são injustificadas e violam os compromissos assumidos perante a Organização Mundial do Comércio (OMC). Demonstra que, ao contrário do que afirma Trump, o Brasil tem mantido um superávit comercial significativo com os EUA, o que torna a imposição de tarifas absolutamente descabida.
Acentua que as tarifas não têm uma base técnica sólida e são uma injustificável medida protecionista destinada a prejudicar a competitividade das exportações brasileiras.
O presidente propõe a conversação diplomática, através de comitê emergencial coordenado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, mas adverte com a possibilidade de aplicar tarifas sobre produtos americanos como forma de retaliação, caso as tarifas não sejam retiradas.
Concomitantemente, promove o diálogo com empresários dos segmentos atingidos no sentido de diversificar parcerias comerciais e mesmo a abertura de novos mercados para nossas exportações.
Corretíssimo. Mas o mais importante é que o presidente da República elevou o tom do seu discurso, pondo em relevo a defesa da soberania nacional, tema essencialmente político.
Ou seja, deu um passo adiante além da costumeira afirmação das chamadas as “entregas de governo”, focadas sobretudo na ampliação de programas sociais compensatórios, a exemplo do Bolsa Família.
Campo democrático e progressista
Argumento verdadeiro, porém insuficiente para esclarecer o povo sobre o que de fato se passa no confronto entre o campo democrático e progressista, que o presidente lidera versus o centro-direita e a extrema direita, sob o comando da oligarquia financeira, que tenta impedi-lo de governar plenamente, bloqueando as iniciativas que verdadeiramente avançariam no modelo de desenvolvimento econômico, um dos elementos essenciais da plataforma de reconstrução nacional.
A extrema direita, o bolsonarismo em particular, se enfraquece; o governo avança no discurso, agrega (ou neutraliza) setores situados na oposição e pode, em consequência, romper o cerco oposicionista.
Luciano Siqueira, é médico, membro do Comitê Central do PCdoB e secretário nacional de Relações Institucionais, Gestão e Políticas Públicas do partido, foi deputado estadual em Pernambuco e vice-prefeito do Recife.
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