Em uma de suas entrevistas matinais, nesta segunda-feira, Bolsonaro afirmou que o presidente norte-americano, Joe Biden, tem "quase uma obsessão pela questão ambiental" e que isso atrapalha “um pouquinho" o governo brasileiro. Na realidade, os EUA têm exercido uma pressão descomunal sobre o dirigente neofascista brasileiro.
Por Redação - de Brasília
Diante da barreira econômica que se eleva no horizonte brasileiro, com a crise hídrica se encaminhando para o ponto mais alto, nos próximos meses; e cercado pelas instituições, que o impedem de aplicar um golpe de Estado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se depara, agora, com a resistência norte-americana aos planos de devastar a Amazônia.
Jair Bolsonaro não teme apenas sofrer impeachment
Em uma de suas entrevistas matinais, nesta segunda-feira, Bolsonaro afirmou que o presidente norte-americano, Joe Biden, tem "quase uma obsessão pela questão ambiental" e que isso atrapalha “um pouquinho" o governo brasileiro. Na realidade, os EUA têm exercido uma pressão descomunal sobre o dirigente neofascista brasileiro.
— Da minha parte, o Brasil está de portas abertas e pronto para continuar a conversa com o governo (norte-)americano. Obviamente, o governo Biden é um governo mais de esquerda. Um governo que tem quase uma obsessão pela questão ambiental, então isso atrapalha um pouquinho a gente. O Brasil é o país que mais preserva o seu meio ambiente. A gente sofre ataques o tempo todo de países europeus. Lá eles não sabem o que é mata ciliar porque não têm. Aqui tem. Nós temos das mais rígidas legislações que tratam dessa questão — admitiu.
Desmatamento
Ainda que o Brasil seja considerado o país com a maior biodiversidade do mundo, isso não se reflete no compromisso do governo com o ambiente. O Brasil liderou em 2020 o ranking mundial de desmatamento. O país concentrou mais de um terço da superfície de florestas virgens devastadas no planeta, cerca de 1,7 milhão de hectares, segundo o relatório Global Forest Watch, divulgado pelo World Resources Institute.
Quanto à Amazônia, o desmatamento cresceu cerca de 9,5% de agosto de 2019 a julho de 2020 em comparação com o período anterior. No total, foram derrubados 11.088 km² de floresta nesse intervalo de tempo. Os dados consolidados do ano são os primeiros sob responsabilidade do governo Bolsonaro.
Assim, Bolsonaro sofre forte pressão devido à sua em favor de uma política de desregulamentação de normas de preservação e, principalmente, pelo avanço do desmatamento na Amazônia.
Expectativa
Depois de dois anos em que as críticas vinham basicamente da Europa, a situação mudou com a chegada de Biden à Casa Branca. Assim, os EUA se juntaram aos países europeus e também passaram a exigir compromissos e resultados do Brasil nessa área.
O governo Bolsonaro chegou a fazer um gesto em abril, durante a cúpula do clima liderada pelo presidente americano. Na ocasião, o presidente brasileiro se comprometeu com o fim do desmatamento ilegal até 2030 e a atingir a neutralidade climática até 2050.
Bolsonaro, porém, frustrou parte das expectativas dos norte-americanos, ao não anunciar medidas mais ambiciosas. Repetiu metas já assumidas pelo país e o compromisso expresso em carta enviada a Biden.
Interferência
Embora tenha mantido o objetivo de redução, o Brasil mudou a linha de base de cálculo sobre as emissões de 2005, que se mostraram superiores com o novo método. Ao mudar a linha de base sem ajustar a meta, o Brasil eleva seu teto de emissões até o fim da década, podendo emitir até 400 milhões de toneladas de gases-estufa a mais do que o previsto no compromisso anterior.
Sem citar o ex-presidente Donald Trump nominalmente, disse ter torcido pela reeleição do republicano.
— Sou admirador do povo (norte-)americano. Torci por um presidente (Trump) como cidadão. Logicamente, não posso me intrometer em eleições de outro país. Temos recebido autoridades do governo (norte-)americano no Brasil, eles têm demonstrado preocupação com o crescimento da esquerda no Brasil e no mundo — concluiu.