Mulheres aliciadas tinham documentos retidos e eram usadas como ‘escravas sexuais’ de luxo.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira, uma operação contra um esquema de tráfico internacional de mulheres brasileiras para exploração sexual na Europa. As investigações começaram em maio de 2023 e revelaram uma rede que usava redes sociais e aplicativos de mensagens para atrair vítimas com promessas de altos rendimentos, viagens pagas e hospedagem gratuita. Ao chegarem ao exterior, no entanto, as mulheres tinham os documentos retidos e eram submetidas a condições degradantes, jornadas exaustivas e violência física e psicológica.

De acordo com os investigadores, as vítimas eram exploradas financeiramente e viviam sob constante coerção, em um ciclo de abuso e servidão. A rede criminosa atuava especialmente no Distrito Federal e em São Paulo, mas o destino final das brasileiras era a província de Namur, na Bélgica.
A operação da PF cumpriu um mandado de prisão preventiva e outros quatro de busca e apreensão nas duas unidades da federação. As diligências também visam reunir provas que detalhem a estrutura e o funcionamento do esquema, além de identificar novos envolvidos.
Segundo o portal Metrópoles, responsável por revelar o caso em abril do ano passado, a base da quadrilha ficava em Planaltina (DF). Uma mulher, nascida e criada em Brasília, é apontada como a principal operadora do esquema. Ela usava a irmã e uma prima como telefonistas, encarregadas de agendar os programas das vítimas com os clientes na Bélgica.
Brasil e Europa
As investigações tiveram início após o depoimento de uma das mulheres aliciadas, que conseguiu retornar ao Brasil e denunciou as condições às quais havia sido submetida. A partir de seu relato, os investigadores conseguiram identificar o padrão de atuação do grupo e mapearam a rota entre o Brasil e a Europa.
Além das buscas e da prisão, a Justiça determinou o bloqueio de bens e valores dos investigados, totalizando R$ 6,6 milhões. Quatro mulheres envolvidas no esquema também foram proibidas de deixar o país enquanto as investigações seguem em curso.
Os suspeitos poderão responder pelos crimes de tráfico internacional de pessoas e associação criminosa. Ambos os delitos são previstos no Código Penal e têm penas severas, especialmente quando associados à exploração sexual de mulheres em situação de vulnerabilidade.