Rio de Janeiro, 09 de Setembro de 2025

PF apura importunação sexual contra deputada goiana e cumpre ação no Rio

Arquivado em:
Terça, 09 de Setembro de 2025 às 11:08, por: CdB

Além do mandado de busca e apreensão, a Justiça determinou medidas cautelares contra o investigado.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

A Polícia Federal realizou nesta terça-feira uma operação em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para investigar crimes de perseguição e violência política de gênero. A ação faz parte da Operação Assédio e teve como alvo um homem acusado de ataques contra mulheres parlamentares, entre elas uma senadora do Mato Grosso do Sul e a deputada federal Silvye Alves (União Brasil-GO).

PF apura importunação sexual contra deputada goiana e cumpre ação no Rio | Operação investiga violência política de gênero contra parlamentares de MS e GO
Operação investiga violência política de gênero contra parlamentares de MS e GO

Além do mandado de busca e apreensão, a Justiça determinou medidas cautelares contra o investigado. Ele está proibido de acessar a internet, manter contato com as vítimas ou deixar a região metropolitana do Rio de Janeiro sem autorização judicial.

Entenda o caso

A operação foi deflagrada um mês após a deputada federal Silvye Alves (União Brasil-GO) denunciar, pelas redes sociais, que vinha sofrendo importunação sexual por meio de seu e-mail institucional na Câmara dos Deputados. Segundo a parlamentar, ela recebeu imagens explícitas enviadas por um homem e chegou a expor alguns desses registros em uma transmissão feita pelo Instagram.

A investigação teve início na Polícia Legislativa, que identificou o suspeito e encaminhou o inquérito à Polícia Federal. Em nota enviada à imprensa nesta terça-feira, a equipe de Silvye Alves confirmou que o alvo das buscas foi o homem apontado como autor do envio das fotos explícitas.

“A assessoria da deputada federal Silvye Alves não foi avisada sobre a operação da Polícia Federal, mas confirma que o alvo é o autor do crime de importunação sexual que mandou fotos íntimas para o e-mail da deputada. A informação foi repassada pelo delegado da Polícia Legislativa Federal responsável pela identificação do suspeito na época”, informou a nota.

O nome da senadora que também teria sido alvo de crimes semelhantes não foi divulgado. Em agosto, Silvye destacou que servidoras de seu gabinete chegaram a abrir o conteúdo explícito recebido por e-mail. “Tenho sido vítima de assédio sexual no meu próprio local de trabalho, um espaço onde atuo todos os dias ao lado de outras mulheres”, declarou a deputada.

Eleita em 2022 para o primeiro mandato, Silvye foi uma das parlamentares mais votadas do país e a campeã de votos em Goiás, com 254.653 votos. Antes de ingressar na política, ganhou notoriedade como apresentadora da edição goiana do programa Cidade Alerta.

Aos 45 anos, é filiada ao mesmo partido do governador Ronaldo Caiado, considerado seu padrinho político. Sua trajetória também inclui episódios de violência: em 2021, foi vítima de agressão praticada pelo ex-namorado Ricardo Hilgenstieler, detido em flagrante pela Polícia Federal no aeroporto de Goiânia após tentar fugir quando vizinhos chamaram a polícia.

O tema da violência contra a mulher se tornou uma das principais bandeiras da deputada, frequentemente abordado em suas redes sociais. Ainda em 2014, ela denunciou que seu gabinete, em Goiânia, havia sido invadido durante a madrugada — o que se somava a outras duas ocorrências anteriores de ataques ao local.

Violência política contra mulheres

De acordo com a PF, as práticas apuradas configuram perseguição sistemática e violência política de gênero, um fenômeno que tem se intensificado nos últimos anos e busca intimidar, constranger ou silenciar mulheres que ocupam cargos de poder.

Segundo os investigadores, os ataques foram direcionados de forma reiterada às parlamentares, em tentativa clara de dificultar ou inviabilizar o exercício de suas funções.

Combate nacional à prática

A corporação destacou que a operação integra um esforço nacional de enfrentamento à violência política de gênero, que afeta diretamente a representatividade feminina nos espaços de decisão e ameaça a integridade do processo democrático.

Com a ação em Duque de Caxias, a Polícia Federal reforça a estratégia de responsabilizar autores de crimes digitais e assédio contra mulheres na vida pública, em linha com medidas recentes que buscam proteger parlamentares e lideranças políticas de ataques motivados por discriminação de gênero.

Edições digital e impressa
 
 

 

 

Jornal Correio do Brasil - 2025

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo