Cantora sofreu parada cardíaca após procedimento cirúrgico; trajetória foi marcada por sucessos, ousadia e estilo inconfundível.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
Angela Ro Ro, uma das vozes mais marcantes da música brasileira, morreu nesta segunda-feira, aos 75 anos. A artista sofreu uma parada cardíaca depois de passar por um procedimento cirúrgico e estava internada no Hospital Silvestre, no Cosme Velho, Zona Sul do Rio, desde 17 de julho.

A informação foi confirmada pela ex-namorada Laninha Braga, que cuidava dela, e pelo produtor Paulinho Lima, amigo de longa data.
A cantora havia realizado uma traqueostomia por conta de uma infecção pulmonar e, antes disso, chegou a recorrer às redes sociais para pedir ajuda financeira. “Sem perspectiva de alta ou cura para trabalhar, humildemente peço ajuda a vocês”, escreveu.
No mesmo mês de internação, a cantora iniciou um tratamento de reabilitação vocal e fez uma fisioterapia para a voz.
Vida e carreira
Nascida no Rio em 5 de dezembro de 1949 como Angela Maria Diniz Gonsalves, ganhou o apelido Ro Ro ainda criança por causa da voz grave e rouca. Nos anos 1970, depois de uma temporada na Europa, onde conheceu Glauber Rocha e chegou a trabalhar como garçonete e faxineira em Londres, iniciou sua trajetória artística. Foi Glauber quem a levou a participar do disco Transa (1971), de Caetano Veloso, tocando gaita.
De volta ao Brasil, começou a se apresentar em casas noturnas e logo foi contratada pela Polygram/Polydor. Seu álbum de estreia, Angela Ro Ro (1979), trouxe apenas composições próprias, incluindo clássicos como Gota de sangue, Amor, meu grande amor e Tola foi você.
Nos anos 1980, consolidou sua carreira com discos como Só nos resta viver (1980), Escândalo! (1981), A vida é mesmo assim (1984) e Eu desatino (1985). Após um período de dificuldades pessoais, voltou com força nos anos 2000, lançando Acertei no milênio (2000) e apresentando o talk-show Escândalo, no Canal Brasil.
Sua discografia inclui ainda Compasso (2006), Feliz da vida! (2013) e o último álbum, Selvagem (2017).
Polêmicas
A artista foi uma das pioneiras a levantar a bandeira LGBTQIA+ no Brasil, tornando-se voz ativa contra a lesbofobia. No início dos anos 1980, assumiu publicamente o relacionamento com a também cantora Zizi Possi, então uma atitude rara no meio artístico.
A relação, no entanto, terminou de forma conturbada, com acusações de agressão que ganharam grande repercussão na imprensa e prejudicaram sua imagem. O episódio acabou inspirando o disco Escândalo! (1981).