O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou, há uma semana, que o IPCA de fevereiro ficou em 0,86%, maior alta para o mês desde 2016, acumulando aumento de 5,20% no período de 12 meses. O relatório Focus trouxe ainda a estimativa para o IPCA em 2023.
Por Redação - de Brasília
Analistas do mercado financeiro elevaram, pela décima semana consecutiva, a previsão para o IPCA - o índice oficial de preços - em 2021. O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, projeta para o indicador, neste ano, alta de 3,98% para 4,60%. Há um mês, estava em 3,62%. Para 2022, o índice permaneceu em 3,50%.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou, há uma semana, que o IPCA de fevereiro ficou em 0,86%, maior alta para o mês desde 2016, acumulando aumento de 5,20% no período de 12 meses. O relatório Focus trouxe ainda a estimativa para o IPCA em 2023, que seguiu em 3,25%, e em 2024, que permaneceu em 3,25%.
De acordo com os economistas ouvidos pelo BC, a inflação está bem acima do centro da meta oficial de 2021, de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). Para 2022, a meta é de 3,50%, também com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%).
As projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano foram reduzidas de 3,26% para 3,23% - há um mês a estimativa era de 3,43%. Para 2022, o mercado financeiro mudou a previsão do PIB de alta de 2,48% para 2,39%.
Juros em alta
O economistas elevaram suas projeções para a taxa básica de juros (Selic) no fim de 2021 de 4,00% para 4,50% ao ano, segundo o relatório Focus. No caso de 2022, a projeção seguiu em 5,50% e, de 2023, em 6,00%.
Em janeiro, ao manter a Selic em 2,00% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central preparou o terreno para possível elevação dos juros em 2021. Isso porque a instituição deu fim ao chamado forward guidance (ou prescrição futura, na tradução do inglês).
O forward guidance, estabelecido em agosto de 2020, era uma indicação técnica do BC de que não pretendia elevar os juros se a inflação seguisse sob controle e o risco fiscal não se alterasse. A questão é que, nos últimos meses, a inflação ao consumidor está mais salgada, puxada por aumentos de preços em itens como alimentos e gasolina.
O Copom se reúne novamente nestas terça e quarta-feiras. Das 54 instituições do mercado financeiro consultadas pelo Projeções Broadcast, 52 esperam aumento dos juros básicos já nesta reunião, sendo que 48 estimam que a taxa suba de 2,00% para 2,50%, três veem alta de 0,25 ponto e uma espera aperto mais intenso, de 0,75 ponto. Para o fim de 2021, a mediana das apostas é de 4,5%, com expectativas indo de 3% a 6%.
Muita pressão
O risco de descontrole da inflação transforma-se, rapidamente, no pior pesadelo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Cobrado nas redes sociais pela alta da inflação, com vídeos que intitulam o movimento de alta dos preços como "Bolsocaro", o presidente já reclamou em público diversas vezes do reajuste dos preços da carne, do arroz, do gás de cozinha e dos combustíveis.
O presidente sente o “termômetro” da população e sobe o tom das cobranças à equipe econômica, nas transmissões semanais de todas as quintas-feiras, e nos encontros frequentes com simpatizantes na porta da sua residência oficial, o Palácio da Alvorada.
Bolsonaro tem demonstrado cada vez mais desconforto com a combinação perversa de preços altos e desemprego, que retira o poder de compra da população e a popularidade de qualquer presidente da República.