O processo em curso no STF, no entanto, vai muito além do quebra-quebra na Praça dos Três Poderes e integra uma série de episódios iniciados em 2021, com ataques às instituições democráticas até este ano.
Por Redação – de Brasília
O julgamento do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus, com início nesta terça-feira na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), encerra o processo sobre o golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro de 2023. A denúncia levada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) apresenta provas de que o grupo fazia parte do “núcleo crucial”, responsável por articular medidas para manter Bolsonaro no poder após a derrota nas últimas eleições presidenciais para o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O processo em curso no STF, no entanto, vai muito além do quebra-quebra na Praça dos Três Poderes e integra uma série de episódios iniciados em 2021, com ataques às instituições democráticas até este ano, com desdobramentos internacionais, como as sanções norte-americanas aos produtos brasileiros, e a imposição de prisão domiciliar ao ex-presidente.
A denúncia define as bases para a tentativa de golpe, lançadas em 2021, quando Bolsonaro intensificou ataques ao sistema eleitoral e ao STF. Participações ao vivo, transmitidas desde o Palácio do Planalto e os discursos de 7 de setembro daquele ano, especialmente contra o ministro Alexandre de Moraes, são destacados como marcos do confronto imposto pelas forças da extrema direita.
Militares
Bolsonaro, em uma dessas situações, chegou garantir que somente deixaria o poder “preso, morto ou com a vitória”. Ainda segundo a PGR, aliados chegaram a cogitar desobediência às decisões do STF e elaborar planos de fuga caso não houvesse respaldo militar.
Depois da derrota nas eleições de 2022, Bolsonaro não reconheceu formalmente a vitória de Lula. Durante interrogatório no STF, ele admitiu ter apresentado “hipóteses constitucionais” aos comandantes das Forças Armadas, incluindo a instalação de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
No fim de seu último ano de governo, o radical neofascista apresentou aos chefes militares um plano para declarar estado de sítio e reverter o resultado das urnas. O então comandante do Exército rejeitou a proposta, mas o comandante da Marinha à época, almirante Almir Garnier, mostrou-se disposto a apoiá-lo, segundo o processo.
Financiamento
Incentivados por Bolsonaro, acampamentos de apoiadores em frente a quartéis se consolidaram como centros de organização de atos antidemocráticos, com estrutura logística e financiamento externo.
O 8 de janeiro de 2023 ficou marcado como um ataque sem precedentes à democracia brasileira. Manifestantes invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF, em protesto contra a eleição de Lula e em defesa de intervenção militar.
Até hoje, o STF já abriu 1.628 ações penais ligadas aos atos, com 638 condenações registradas — 279 por crimes graves.