O horário de verão, abolido no ano passado, não traria alívio para a crise hídrica porque passa o Brasil, na análise do especialista Roberto Kishinami. O analista previu que a economia de energia ficaria em torno de 1%, número pouco expressivo diante do tamanho do problema.
Por Redação - de São Paulo
Embora setores como o agronegócio, turismo e restaurantes tenham se pronunciado pela volta do horário de verão, a medida não traria impactos para a redução do consumo total de energia. Esta é a avaliação do especialista em energia e coordenador do Instituto Clima e Sociedade, Roberto Kishinami, em entrevista à rede norte-americana de TV CNN, nesta terça-feira.
Fim do horário de verão
— Do ponto de vista de energia, o horário de verão tem pouco impacto na redução do consumo total. Isso já vinha sendo observado. Não tem tanta eficácia para isso — afirmou.
Temperatura
O analista previu que a economia de energia ficaria em torno de 1%, número pouco expressivo diante da crise hídrica que atinge o Brasil.
— O que acontece é que houve uma mudança no perfil de demanda de energia, hoje em dia o ar-condicionado, por exemplo, é uma carga importante no consumo residencial, a ligação ocorre quando aumenta a temperatura. Isso faz com que o horário de verão tenha menos efeitos — explicou.
Efeito secundário
Ainda assim, Kishinami reforçou que, diante da crise, “qualquer redução ajuda”. Ele cita um efeito secundário que um eventual retorno do horário de verão traria. O analista acrescenta, ainda, que há um problema com horário de “pico de energia”, aqueles em que todo mundo aciona aparelhos ao mesmo tempo, como elevadores, iluminação pública.
— O horário de verão para alguns segmentos ajuda, porque desloca as cargas que entram no horário de pico, é um efeito secundário, mas que é importante, não vai reduzir consumo total, embora faça com que a ligação ocorra em horários mais convenientes para o sistema — resumiu.