A tradição de mais de 100 anos agora conta com apoio institucional para a valorização da cultura popular e atração de novos investimentos.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A tradicional Feira Livre da Glória, um dos principais pontos de encontro cultural do Rio de Janeiro, foi oficialmente declarada patrimônio histórico, cultural e imaterial do Estado. O projeto de lei, de autoria da deputada Verônia Lima (PT), foi aprovado pela Assembleia Legislativa (Alerj) e sancionado pelo governador Cláudio Castro na última terça-feira, 8 de julho. Com esse reconhecimento, o evento ganha novas possibilidades de apoio e valorização institucional, incluindo parcerias com entidades públicas e privadas para o incentivo de atividades culturais.

Com origens incertas, mas com mais de 100 anos de história, a Feira Livre da Glória se consolidou como a maior do Rio de Janeiro, atraindo milhares de cariocas todos os domingos. Localizada na Avenida Augusto Severo, no bairro da Glória, ela se tornou um destino preferido por aqueles que buscam aproveitar o dia longe das praias e dos turistas. A feira começa às 9h e vai até as 18h, oferecendo uma grande variedade de produtos.
A diversidade de itens à venda é um dos maiores atrativos da feira, que inclui desde bebidas e comidas típicas de diferentes regiões do Brasil e do exterior até roupas, objetos de decoração e artesanato. Além disso, a feira se destaca por suas apresentações musicais, especialmente as rodas de samba, que tornam o local um verdadeiro centro de lazer e cultura popular.
– Frequento a Feira Livre da Glória desde que sou criança e fico muito feliz em saber desse reconhecimento. É sempre bom valorizar nossa cultura popular, porque é o que marca nossa identidade fluminense – afirmou Bruno Seixas, de 39 anos, ator e frequentador assíduo da feira. Seu depoimento reflete o sentimento de muitos moradores que consideram o evento uma parte fundamental da vida cultural e social da cidade.
O impacto do reconhecimento oficial
Apesar de não haver mudanças imediatas na rotina dos frequentadores, o reconhecimento oficial da Feira Livre da Glória como patrimônio cultural imaterial promete trazer novos horizontes para o evento. Com essa certificação, a feira terá maior acesso a investimentos, ações promocionais e parcerias institucionais que podem contribuir para a preservação de suas tradições e o aprimoramento da experiência para os cariocas e turistas.
Além disso, esse status pode ajudar a consolidar ainda mais a feira como um ponto de referência da cultura popular fluminense, trazendo visibilidade não só para os comerciantes locais, mas também para os músicos e artistas que fazem da feira um espaço vibrante de manifestações culturais.
O reconhecimento da Feira Livre da Glória como patrimônio imaterial do Rio de Janeiro é um marco importante na valorização da cultura popular, que agora conta com a formalização do apoio do poder público. Com a força das parcerias e do novo status, o futuro da feira promete ser ainda mais próspero e repleto de novas possibilidades para a cidade e seus cidadãos.
Beija-Flor de Nilópolis é reconhecida como Patrimônio Imaterial do município
A cidade de Nilópolis, na Baixada Fluminense, inscreveu em sua lei maior o nome de uma de suas expressões culturais mais enraizadas. Em sessão solene realizada na segunda-feira, a Câmara de Vereadores aprovou o tombamento da Beija-Flor como Patrimônio Cultural e Imaterial do município. A medida também prevê a alteração do nome da via onde está situada a quadra da escola, de antiga Rua Pracinha Wallace Paes Leme, para Avenida Beija-Flor de Nilópolis.
A cerimônia, realizada no plenário da Casa, reuniu nomes históricos ligados à trajetória da azul e branco: o casal de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho e Selminha Sorriso, os intérpretes Nino do Milênio e Jéssica Martins, as ex-rainhas de bateria Neide Tamborim e Sonia Capeta, além do carnavalesco João Vitor Araújo, entre outros representantes. Durante a sessão, também foi exibido o troféu conquistado pela escola no Carnaval de 2025.
Em entrevista ao site Agenda do Poder, o presidente Almir Reis falou sobre o elo entre a cidade e a escola de samba:
– A ligação é tão forte que dá pra dizer que Beija-Flor e Nilópolis são uma coisa só. A escola nasceu e cresceu no coração da cidade, e quem vive aqui se reconhece nela. É o orgulho da comunidade. Isso aparece na bateria, nas fantasias feitas dentro das casas, nos ensaios de rua que juntam famílias inteiras. Mas também no trabalho social, no acolhimento, na porta sempre aberta. E tudo isso só foi possível porque teve gente que acreditou desde o começo: Anísio, Nelson David, dona Marlene – lembra.
Ainda segundo Almir, o tombamento é resultado de uma Beija-Flor que vai além dos carnavais: “Nos bastidores, o que a gente vê é formação, é cuidado com as pessoas, é transformação de verdade. A escola é palco, é casa, é escola de vida. Esse reconhecimento oficializa algo que o povo já sabe há muito tempo: a Beija-Flor é um tesouro cultural do nosso país”, diz.
Há ainda o Instituto Beija-Flor, um projeto que oferece ações educativas, culturais e de qualificação profissional para jovens e adultos da cidade.
A Beija-Flor, fundada em 1948, tem sua história entrelaçada à de Nilópolis. Da quadra no bairro Cabuís, partem ensaios, oficinas e desfiles que atravessaram décadas e ultrapassaram os limites da Marquês de Sapucaí.