As famílias pediram ao governo israelense que regresse aos canais diplomáticos para pôr fim à ofensiva em curso.
Por Redação, com Lusa – de Gaza
As famílias dos reféns mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza realizaram nesta sexta-feira manifestações em vários pontos de Israel para criticar os planos do governo de ocupação do Norte do enclave palestino.

As manifestações foram organizadas pelo Fórum das Famílias dos Reféns e assinalam os 700 dias do início da ofensiva militar de Israel contra a Faixa de Gaza.
Em comunicado, as famílias pretendem homenagear os 48 reféns ainda mantidos em cativeiro.
“Os nossos 48 entes queridos correm o risco de serem mortos e perdidos para sempre nas ruínas de Gaza”, lamentou o organismo, em uma crítica aos planos de ocupação de Gaza através de uma ofensiva militar de grande escala.
As famílias pediram ao governo israelense que regresse aos canais diplomáticos para pôr fim à ofensiva em curso e lembraram que existem contatos entre as partes sobre a entrega dos reféns e o fim da guerra.
Hoje, na chamada Praça dos Reféns, em Tel Aviv, um grupo de ativistas exibiu uma grande placa com a palavra SOS no chão, junto a uma ampulheta, para destacar que o tempo está se esgotando para os reféns.
Em outra manifestação em Kiryat Gat, no Sul de Israel, Silvia Cunio, cujos dois filhos Ariel e David continuam como reféns do Hamas, declarou que a família está sofrendo “por causa de uma política patética”.
“Já chega. Acabem com a guerra, tragam-nos para casa”, acrescentou.
No mesmo protesto, Arbel Yehud, uma refém libertada, lembrou o longo período que passou em cativeiro e destacou que “cada minuto é uma eternidade e que cada segundo coloca em perigo a vida dos reféns”.
Nesta sexta, são esperados mais protestos em diferentes pontos do país, incluindo junto à residência do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém, já durante a noite.
Vídeos de reféns
Ainda nesta quinta, o Hamas divulgou um vídeo de dois reféns Com mais de três minutos e meio de duração, as imagens mostram um refém em um carro viajando entre edifícios destruídos, pedindo em hebraico ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que não realize a ofensiva militar contra a Cidade de Gaza.
O refém, que no final do vídeo se encontra com outro refém, afirma estar na Cidade de Gaza e que a gravação foi realizada em 28 de agosto de 2025.
À agência francesa de notícias Agence France-Presse (AFP) afirmou que não conseguiu verificar a autenticidade do vídeo, nem a data em que foi gravado.
Este novo vídeo, de acordo com à agência espanhola de notícias EFE, marca os 700 dias do início da ofensiva de Israel contra Gaza, com o refém Guy Gilboa-Dalal ao lado de Evyatar Daviv.
Trata-se do segundo vídeo com Gilboa-Dalal, depois de o Hamas ter publicado outro vídeo do jovem em fevereiro.
Nestas últimas imagens, Gilboa-Dalal disse em hebraico que está em cativeiro há 22 meses, o que pode indicar que o vídeo foi gravado recentemente, de acordo com a EFE.
A família pediu que estas imagens não sejam divulgadas nos meios de comunicação social.
De acordo com o jornal israelense Haaretz, o Exército alertou as famílias dos reféns que, em plena campanha militar para conquistar a Cidade de Gaza, o Hamas vai aumentar o “terrorismo psicológico” publicando mais vídeos para pressionar o governo de Israel.
O Exército indicou ainda que a nova ofensiva contra a Cidade de Gaza “aumenta a probabilidade de os reféns serem feridos ou mortos, e de os mortos desaparecerem”, acrescentou o Haaretz.
Guerra
Israel lançou a ofensiva contra Gaza em 7 de outubro de 2023, após ataques do movimento islamita palestino Hamas em território israelense, nos quais 1,2 mil pessoas morreram e 251 foram feitas reféns.
Israel e o Hamas já assinaram acordos de cessar-fogo e troca de reféns por prisioneiros palestinos.
O último acordo foi assinado em janeiro mas o governo israelita violou o tratado em março, retomando os bombardeios contra o enclave palestino.
Nos 700 dias de ofensiva, mais de 64 mil palestinos foram mortos por Israel em ataques contra casas, hospitais, escolas, universidades e abrigos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
Países como a África do Sul denunciaram esta ofensiva perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) como genocídio, denúncia feita também por organizações de defesa dos direitos humanos internacionais e israelitas.