O Copom pode incluir algum “gesto” positivo para o governo no comunicado da decisão da próxima semana, reconhecendo avanços sobre o plano fiscal, mas sem sinalizar claramente um corte de juros para a reunião seguinte, de maio, como vem precificando parte do mercado, segundo Loyola.
Por Redação - de São Paulo
O Banco Central (BC) precisa evitar qualquer sinalização de corte da taxa de juros em breve, mesmo que o governo anuncie o novo arcabouço fiscal antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima quarta-feira. A opinião é do economista Gustavo Loyola, ex-presidente do BC e sócio da Tendências Consultoria, em entrevista à mídia conservadora nesta sexta-feira.

O Copom pode incluir algum “gesto” positivo para o governo no comunicado da decisão da próxima semana, reconhecendo avanços sobre o plano fiscal, mas sem sinalizar claramente um corte de juros para a reunião seguinte, de maio, como vem precificando parte do mercado, segundo Loyola. O mercado antecipa aposta em corte de juro com temor sobre crédito
— É cedo demais para falar em corte da Selic. Temos a inflação fora da meta e um problema fiscal que não foi resolvido — disse Loyola, que liderou a autoridade monetária do país em dois períodos, o último deles de 1995 a 1997.
Turbulência
Ainda que a regra fiscal seja bem recebida, “os investidores ainda precisariam aguardar a aprovação do Congresso”, diz Loyola. Ele espera um corte de juros apenas em setembro, embora admita que a redução possa vir antes se um “arcabouço robusto” for aprovado ou se a economia se deteriorar com a tensão externa.
Segundo o economista, não há “nada de concreto” sobre um impacto na economia brasileira oriundo das turbulências geradas pelo Credit Suisse na Europa e pelo Silicon Valley Bank (SVB) nos Estados Unidos, de acordo com Loyola, que não vê indícios de uma crise global semelhante à de 2008. “Os reguladores americanos e europeus estão agindo e a crise não deve se espalhar.”
Se em algum momento a turbulência levar o Federal Reserve dos EUA a flexibilizar sua política monetária, o Brasil terá espaço para fazer o mesmo, mas este não é o cenário mais provável agora, segundo o ex-presidente do BC.
O BC “vai avaliar atentamente os riscos do cenário global para a economia doméstica, mas sua decisão continuará focada em fatores locais, tendo o combate à inflação como principal prioridade”, resumiu Loyola.