Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve avanço de 0,2% da produção. Com esses resultados, o setor permanece 15,3% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
Por Redação, com Bloomberg – do Rio de Janeiro
A indústria do Brasil voltou a recuar em julho, em um cenário marcado por política monetária restritiva e pela guerra comercial dos Estados Unidos. A produção industrial caiu 0,2% em julho na comparação com o mês anterior, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve avanço de 0,2% da produção. Com esses resultados, o setor permanece 15,3% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
Setores
É fato que a indústria brasileira vem mostrando dificuldades para deslanchar este ano, diante de um cenário de política monetária restritiva com a taxa básica de juros Selic em 15% e agravado pela tarifa de 50% dos EUA sobre os produtos brasileiros.
— Já são quatro meses sem crescimento da indústria, mostrando perda de tração. A política monetária com juros mais elevados traz uma série de consequências, com crédito mais escasso e caro, mais inadimplência — destacou o gerente da pesquisa, André Macedo.
A pesquisa do IBGE mostrou que, em julho, 13 das 25 atividades industriais apresentaram queda de produção sobre o mês anterior. Metalurgia exerceu o maior impacto, com recuo de 2,3%, mas também destacaram-se as quedas em outros equipamentos de transporte (-5,3%), de impressão e reprodução de gravações (-11,3%) e de bebidas (-2,2%) entre outros.
Expansão
De abril a julho, a indústria acumula perda de 1,5%, sendo quedas em abril (-0,7%) e maio (-0,6%) e estabilidade em junho (0%). A última vez que o parque industrial brasileiro somou quatro meses sem expansão foi entre novembro de 2022 e fevereiro de 2023.
Nos últimos 12 meses, o setor apresenta expansão de 1,9%. O resultado de julho deixa o setor 1,7% acima do patamar pré-pandemia de covid-19 (fevereiro de 2020). Em relação ao patamar final de 2024, o setor teve expansão de 0,3%.
Juros altos
De acordo com o gerente da pesquisa, André Macedo, o cenário predominante negativo desde abril é explicado pela política monetária restritiva, ou seja, os juros altos, ferramenta do Banco Central (BC) para tentar conter a inflação.
— Em termos conjunturais, destacam-se os efeitos de uma política monetária mais restritiva que encarece o crédito, eleva a inadimplência e afeta negativamente as decisões de consumo e investimentos. Esses fatores contribuíram para limitar o ritmo de crescimento da produção industrial no período, refletindo-se em resultados mais moderados frente aos meses anteriores — avalia Macedo.
Atualmente, a taxa básica de juros, a Selic, está em 15% ao ano, o patamar mais alto desde julho de 2006. Os juros altos têm o efeito de desestimular o consumo e o investimento para esfriar a economia e diminuir a procura por bens e serviços, consequentemente, tirando força da inflação.
Ponto alto
Em julho, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mostrou acúmulo de 5,23% em 12 meses, fora da meta do governo ─ 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, indo até 4,5%.
A taxa está acima do teto desde setembro de 2024 (4,42%). Em abril, chegou a 5,53%, o ponto mais alto desde então.