Ainda de acordo com o Delegado Waldir, os recursos teriam sido repassados embutidos nas emendas parlamentares liberadas no chamado “orçamento secreto“. Este teria sido o principal instrumento, apelidado de “Bolsolão“, para obter o apoio parlamentar necessário contra o impeachment de Bolsonaro.
Por Redação - de Brasília
O deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO) revelou neste sábado, ao site norte-americano de notícias The Intercept Brasil, que houve “compra de votos” para o governo conseguir apoios no Congresso. Segundo o congressista, que integra a base aliada a Jair Bolsonaro (sem partido), teriam sido oferecidos R$ 10 milhões para que seu colegas ajudassem a eleger Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara. Lira foi eleito em primeiro turno no início de 2019, com 302 votos.
Lira já responde a processo e já foi condenado em segunda instância, no esquema da 'rachadinha', no Estado de Alagoas
Ainda de acordo com o Delegado Waldir, os recursos teriam sido repassados embutidos nas emendas parlamentares liberadas no chamado “orçamento secreto“. Este teria sido o principal instrumento, apelidado de “Bolsolão“, para obter o apoio parlamentar necessário a impedir que o presidente responda a um dos mais de 100 pedidos de impedimento, na Casa. A compra do apoio parlamentar alcança também o apoio à emenda constitucional dos precatórios, a autonomia do Banco Central e algumas privatizações, entre outras pautas impopulares.
Transparência
Antes mesmo de se constituir o chamado “orçamento secreto”, o Bolsolão já teria entrado em operação, como revelou o parlamentar. O Delegado Waldir acrescenta às denúncias que teriam sido prometidos R$ 20 milhões para cada voto a favor da “reforma” da Previdência. A emenda que alterou a Constituição para dificultar o acesso dos brasileiros às aposentadorias foi promulgada em novembro de 2019. Assim, segundo estimativas do próprio governo, haveria uma “economia” de R$ 800 bilhões em 10 anos.
“Sem a transparência devida, as emendas secretas se tornaram peças de barganha para que Lira aprove projetos de interesse do governo ou dele mesmo”, resume a reportagem.