Principal alvo do ódio de Bolsonaro e seus familiares, o ministro Alexandre de Moraes foi o magistrado que colocou Bolsonaro em prisão domiciliar, prendeu centenas de seus apoiadores por invadirem prédios públicos em Brasília.
Por Redação – de Brasília
Ao longo das próximas semanas, o Supremo Tribunal Federal (STF) entra fase final de deliberações do julgamento do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL). O caso ganhou contornos internacionais e gerou a reação extremada do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a economia brasileira.

Principal alvo do ódio de Bolsonaro e seus familiares, o ministro Alexandre de Moraes foi o magistrado que colocou Bolsonaro em prisão domiciliar, prendeu centenas de seus apoiadores por invadirem prédios públicos em Brasília e enfrentou a ira do multibilionário Elon Musk, dono da rede social X, o antigo Twitter.
Sua atuação no processo contra Bolsonaro levou Trump a impor uma tarifa comercial de 50% ao Brasil, além de restrições de visto e sanções financeiras individuais.
Reação
Aos 56 anos, Moraes, cuja expressão severa passou a simbolizar o Tribunal que integra há oito anos, já avisou que não recuará em seu relatório. Mas, por trás de sua fachada implacável, ele enfrenta uma crescente reação de parlamentares que buscam o impeachment e de parte da opinião pública que indicaria estar cansada da dureza de suas decisões.
No STF, ministros alinhados com as forças da extrema direita também integram a oposição a Moraes e, segundo fontes disseram à agência inglesa de notícias Reuters, nesta segunda-feira, disseram que alguns ministros estão preocupados que o caso Bolsonaro possa provocar uma reação ainda mais forte de Trump, que exige que o Brasil abandone o julgamento que o presidente dos EUA chama de “caça às bruxas”.
Mentiras
Alguns ministros do STF estão se preparando para questionar publicamente elementos da sentença de Moraes, que conduz o caso, para demonstrar independência, disseram as fontes. Moraes disse à Reuters, em entrevista em agosto, que não ouviu preocupações de seus colegas sobre como tem conduzido o caso Bolsonaro.
— Essa escalada de reclamações, se alguém reclamou, reclamou para a imprensa. Nem direto nem indiretamente, quem colocou isso na imprensa, eu aqui afirmo que é uma mentira — afirmou.
Divisões
Em julho, o governo dos EUA revogou os vistos de entrada no país de oito ministros do STF, poupando três que haviam divergido claramente de Moraes em casos anteriores. A decisão alimentou especulações na imprensa local de que o governo Trump vem tentando semear divisões no tribunal.
Em resposta a questionamentos feitos pela agência de notícias, uma autoridade graduada do Departamento de Estado dos EUA não tratou dessas especulações, mas disse que as restrições de visto têm Moraes como alvo. O ministro André Mendonça, indicado por Bolsonaro em 2021, tem insinuado cada vez mais publicamente divergências no STF.
— Um bom juiz tem que ser reconhecido pelo respeito, não pelo medo — disse Mendonça, em um discurso recente, que alguns interpretaram como uma crítica velada a Moraes, que falaria no mesmo evento no Rio de Janeiro mais tarde naquele dia.
Procurado para comentar se a fala se referia a Moraes, Mendonça não respondeu.