O esquema é simples e eficaz: criminosos ligam para pessoas envolvidas em ações judiciais, se passam por advogados de escritórios respeitados e solicitam depósitos para supostos custos.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
O golpe do falso advogado está se tornando uma epidemia no Rio de Janeiro. Segundo reportagem do portal G1, mais de 500 pessoas já foram vítimas desse tipo de fraude só em 2025, e o número não para de crescer.
O esquema é simples e eficaz: criminosos ligam para pessoas envolvidas em ações judiciais, se passam por advogados de escritórios respeitados e solicitam depósitos para supostos custos de negociação ou agilização de processos.
Foi o que aconteceu com o empresário Valcider de Souza Silva. Ele estava processando um banco por juros abusivos na compra de um carro quando recebeu uma ligação de um homem que se apresentou como seu advogado. A proposta parecia vantajosa: uma negociação extrajudicial com a instituição financeira. Para isso, Valcider fez dois depósitos via Pix — um de R$ 3 mil e outro de R$ 5 mil. Só depois percebeu que havia sido enganado. “Estava estranho porque, quando fui olhar o extrato bancário, vi que não era o nome de nenhuma instituição jurídica, e sim de pessoa física”, contou à TV Globo.
Casos como o de Valcider têm mudado a forma como os escritórios de advocacia lidam com seus clientes. O advogado Adriano de Almeida, sócio do escritório que realmente representa o empresário, diz que a comunicação agora precisa ser ainda mais direta e clara. “É essencial reforçar a verificação de identidade em qualquer solicitação financeira”, explicou.
OAB-RJ
A Ordem dos Advogados do Brasil no Rio (OAB-RJ) já recebeu 546 denúncias de crimes semelhantes em 2025. A presidente da entidade, Ana Tereza Basílio, afirmou que há um trabalho conjunto com o Ministério Público e o Tribunal de Justiça para rastrear e punir os golpistas. “Temos 52 delegados dedicados a investigar denúncias contra falsos advogados”, afirmou.
A orientação da OAB é clara: desconfie sempre de pedidos de transferência bancária por telefone ou mensagens. O ideal é que o cliente confirme a veracidade da cobrança diretamente com seu advogado, por meio dos canais habituais — de preferência, com uma ligação ou encontro presencial.
Após cair no golpe, Valcider registrou um boletim de ocorrência na Delegacia da Taquara, Zona Oeste do Rio. Seu caso agora é investigado pela polícia, que alerta para o avanço desse tipo de crime em todo o Estado.
A recomendação final: não confie cegamente em ligações que prometem soluções rápidas para processos judiciais — esse pode ser o novo rosto do crime digital no Brasil.