O Copom deverá retomar uma decisão que não adota desde 2015, ainda no governo da da presidenta deposta Dilma Rousseff (PT), de elevação dos juros. Na ocasião, o Copom liderado por Alexandre Tombini elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, levando a taxa para 14,25% ao ano. Na época, o balanço de riscos do BC contava com problemas semelhantes aos de 2021, com inflação em alta, real desvalorizado e fraca atividade econômica.
Por Redação - de Brasília
Sete meses com a taxa básica de juros brasileira estabilizada no menor nível da série história do Banco Central, a tendência é de retomada ainda nesta semana, conforme adiantaram os economistas Paulo Rabello e Marcel Caparoz em artigo publicado no Correio do Brasil, de alta da taxa Selic. Apesar da segunda onda da pandemia de covid-19 sinalizar ainda tempos difíceis para a economia e o crédito, a subida dos preços de alimentos e combustíveis pressiona o Comitê de Política Monetária (Copom) a começar um novo ciclo de aperto financeiro.
O Copom deverá retomar uma decisão que não adota desde 2015, ainda no governo da da presidenta deposta Dilma Rousseff (PT), de elevação dos juros. Na ocasião, o Copom liderado por Alexandre Tombini elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, levando a taxa para 14,25% ao ano. Na época, o balanço de riscos do BC contava com problemas semelhantes aos de 2021, com inflação em alta, real desvalorizado e fraca atividade econômica.
Desde que a pandemia de covid-19 chegou ao Brasil, há um ano, o BC foi forçado a acelerar a redução da Selic, que já vinha ocorrendo nos últimos anos em um ambiente de inflação controlada e retomada gradual da economia. Entre fevereiro e agosto de 2020, os cortes sucessivos do Copom baixaram a Selic de 4,50% para 2,00% ao ano - onde ficou estacionada até agora.
BC independente
Quanto menores os juros básicos da economia, mais em conta fica o crédito para empresas e famílias, o que possibilitou o crescimento dos financiamentos no auge da crise e ajudou a segurar as quedas na atividade e no emprego.
O problema é que agora o BC se depara com um aumento contínuo da inflação, puxada pelos alimentos e pelos combustíveis. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou fevereiro com alta de 0,86% e já acumula um crescimento de 5,20% nos últimos 12 meses. A meta de inflação para o fim de 2021 é de 3,75%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%).
A decisão desta semana será o primeiro teste e tudo indica mais difícil até agora para o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e sua equipe após o Congresso aprovar no mês passado a autonomia da instituição, com a justificativa de garantir a condução da política de juros sem pressões políticas.