A proposta ganhou tração com o julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), que entrou em sua fase final.
Por Redação – de Brasília
Parlamentares que integram o séquito bolsonarista e o partido do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) têm admitido, em caráter reservado, que a relatoria do Projeto de Lei (PL) que propõe anistia aos presos e condenados nos ataques golpistas dO 8 de Janeiro ficará sob o comando de um integrante do chamado ‘Centrão’, segundo apurou a mídia conservadora nesta quinta-feira.

A proposta ganhou tração com o julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), que entrou em sua fase final. A expectativa de bolsonaristas é votar a proposta na próxima semana, no Plenário da Câmara, embora esteja longe ainda de um consenso mesmo entre os integrantes das legendas da direita.
A anistia tem sido a principal meta dos bolsonaristas, uma vez que seria a última chance de livrar Bolsonaro da cadeia por um longo período. O réu, condenado no STF por liderar o golpe de Estado fracassado, já se encontra em prisão domiciliar, mas poderá passar a um presídio ou numa carceragem da Polícia Federal, tão logo o processo seja encerrado, sem qualquer chance de recurso à própria Corte.
Relatoria
O relator, no caso, será o deputado responsável por negociar o texto com os demais parlamentares e demais interessados no PL. Caberá ao parlamentar elabora o parecer e até refazer o conteúdo do Projeto, que depois será submetido a voto. A função é uma das mais importante do Legislativo, por conduzir as negociações no Congresso.
Os bolsonaristas tentavam que a matéria ficasse sob a relatoria do deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE) que, apesar de integrar um partido do ‘Centrão’, é considerado um ‘bolsonarista raiz’ e já foi convidado a migrar para o PL para disputar a próxima eleição.Valadares foi o relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), no ano passado.
O próprio Valadares pediu a lideranças partidárias e ao presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), para atuar nessa função em Plenário. Em um dos pareceres que circulou entre deputados do PL sobre a proposta chegou a constar o nome dele, embora não tenha sido redigido por ele.
Sondagem
Lideres da oposição, no entanto, têm admitido sob reserva que Motta, quando decidir pautar o projeto, deve optar por um nome mais ao centro, como é de seu feitio. De acordo com relatos, o líder do PP, Doutor Luizinho (RJ), foi sondado por parlamentares aliados de Bolsonaro para a empreitada, mas não aceitou. O deputado Claudio Cajado (PP-BA) também teria sido sondado.
Ainda assim, parlamentares envolvidos nas conversas dizem que o nome pode sair de um partido da federação entre União Brasil e PP. Um dos cotados é o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que visitou Bolsonaro na véspera do julgamento.
Do outro lado, o governo Lula (PT) entrou em campo para tentar barrar a proposta, e a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) reuniu os ministros de partidos de centro para pedir que atuem nas bancadas da Câmara para frear o projeto.