Das 32 instituições ouvidas pela agência norte-americana de notícias Bloomberg, 31 esperavam alta de 0,5 ponto percentual.
Por Redação – de Brasília
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou nesta quarta-feira a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, a 14,75% ao ano – mesmo nível registrado em agosto de 2006. A expectativa era majoritária entre analistas do mercado financeiro.

Das 32 instituições ouvidas pela agência norte-americana de notícias Bloomberg, 31 esperavam alta de 0,5 ponto percentual. E uma, de 0,25 ponto percentual. Incerteza, cautela e flexibilidade foram alguns dos termos usados recentemente pelos integrantes do Copom em declarações públicas que, na visão dos economistas, reforçam o cenário projetado.
Decisões
O comportamento das expectativas de inflação, do câmbio e a da economia global entraram no cálculo do mercado, que também ponderou as decisões do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano), em meio à guerra comercial imposta pelos Estados Unidos.
Apesar da pressão do presidente Donald Trump pela redução dos juros nos EUA, o Fed manteve inalterada a taxa básica no atual intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano nesta “superquarta” — dia em que os bancos centrais de Brasil e Estados Unidos decidiram o rumo dos juros de suas respectivas economias.
No Brasil, também vem ganhando peso a avaliação de que há espaço para o início do ciclo de flexibilização de juros ainda neste ano. Segundo o boletim Focus, a mediana das projeções para a Selic em 2025 ficou em 14,75%. Essa foi a primeira queda depois de 16 semanas com a estimativa de 15%.
Pressões
Para Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC e consultor da A.C. Pastore, a alta de juros seria mesmo de 0,5 ponto percentual, mas não descartou um cenário alternativo de aumento de menor intensidade, de 0,25 ponto. Para junho, prevê o fim do ciclo, com a Selic em 15% ao ano.
Segundo o economista, o panorama atual da economia brasileira não é bom, com a inflação muito distante da meta de 3% e sem sinais de que o hiato do produto se tornou menos positivo. Isso significa que a atividade continua operando acima do seu potencial e sujeita a pressões inflacionárias.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que sinaliza tendência para o índice oficial de inflação, somou 5,49% no acumulado de 12 meses até abril, puxado por aumentos nos preços dos alimentos e de gastos com saúde.