Em abril, as vendas varejistas tiveram queda de 0,4% na comparação com o mês anterior, contra expectativa em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters de recuo de 0,8%.
Por Redação – do Rio de Janeiro
As vendas do comércio varejista declinaram em abril ante março, na série com ajuste sazonal, após três meses seguidos de crescimento, que levaram o varejo a atingir patamar recorde em março, segundo relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta quinta-feira.

O resultado, no entanto, foi menor do que o esperado em abril, mas ainda interrompem uma série de três meses seguidos de ganhos em meio a um esperado processo de desaceleração econômica no país diante de condições monetárias restritivas.
Em abril, as vendas varejistas tiveram queda de 0,4% na comparação com o mês anterior, contra expectativa em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters de recuo de 0,8%.
Patamar
A queda, no entanto, foi a mais intensa nas vendas desde junho do ano passado (-0,9%). Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve avanço de 4,8% nas vendas, contra expectativa de alta de 3,4%.
— Está havendo uma desaceleração, após três meses de crescimento. Existe o efeito base, pois o patamar anterior foi recorde. É muito mais difícil subir — pontuou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
O pesquisador lembra, ainda, que em março o varejo atingiu o maior patamar da série histórica iniciada em janeiro de 2000.
— A nossa interpretação é de uma perda na margem, mas não uma mudança de trajetória — afirmou.
Aperto
A expectativa de analistas é de que o setor varejista apresente acomodação no restante do ano, em um cenário de condições financeiras restritas, aperto monetário prolongado e inflação elevada, com destaque para a de alimentos. O Banco Central (BC) volta a se reunir na próxima semana para decidir sobre a taxa básica de juros Selic, atualmente em 14,75% ao ano.
Na outra ponta, sustentam o consumo das famílias o mercado de trabalho resiliente e o aumento da massa salarial.
— Os dados sugerem desaceleração tanto pelo motivo renda quanto pelo crédito, com o varejo sensível à renda recuando 0,4% e o sensível à crédito recuando 1,4% no mês. Para os próximos meses, o desempenho do setor dependerá da manutenção do mercado de trabalho em patamar robusto, que tem dado sustentação à demanda. Por outro lado, as condições financeiras mais apertadas devem continuar a restringir o crédito — avaliou André Valério, economista sênior do Banco Inter.
Orçamento
Entre as oito atividades pesquisadas pelo IBGE sobre o varejo, tiveram retração nas vendas Combustíveis e lubrificantes (-1,7%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-1,3%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,8%) e Móveis e eletrodomésticos (-0,3%).
— O fator inflacionário afeta o setor de super e hipermercados, que é o grupo mais importante e orientador dos movimentos do varejo. A inflação ainda alta e a renda das famílias crescendo menos limitam o orçamento — disse Santos.
Resultados positivos foram registrados por Livros, jornais, revistas e papelaria (1,6%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,0%), Tecidos, vestuário e calçados (0,6%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,2%).