Rio de Janeiro, 03 de Setembro de 2025

Violência no Rio já matou dois policiais em um dia e sobe 147% no ano

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Terça, 02 de Setembro de 2025 às 11:28, por: CdB

As vítimas mais recentes foram o policial civil Elber Fares e o policial militar Anderson de Souza Figueira. Ambos atuavam na linha de frente contra o crime organizado e foram baleados.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

Entre o domingo e a segunda-feira, o Rio de Janeiro registrou a morte de dois policiais surpreendidos por homens armados. As execuções ampliam um quadro alarmante: o Estado já soma 42 agentes assassinados de janeiro a julho deste ano, contra 17 no mesmo período de 2024, o que representa um aumento de 147%. Os números são do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Violência no Rio já matou dois policiais em um dia e sobe 147% no ano | Dois policiais são mortos em 24h no Rio
Dois policiais são mortos em 24h no Rio

As vítimas mais recentes foram o policial civil Elber Fares e o policial militar Anderson de Souza Figueira. Ambos atuavam na linha de frente contra o crime organizado e foram baleados.

Execução em frente ao filho

Lotado na 166ª DP (Angra dos Reis), Elber Fares foi baleado na noite de domingo, em Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense. O crime ocorreu na porta de uma igreja, quando ele se preparava para entrar em seu carro acompanhado do filho.

Testemunhas relataram que um veículo se aproximou e um homem abriu fogo, atingindo o policial com ao menos cinco disparos. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o menino corre em desespero em direção ao pai caído, enquanto os criminosos fogem.

Elber chegou a ser socorrido e levado ao Hospital Municipal da Japuíba, mas não resistiu. As investigações iniciais apontam para envolvimento de traficantes da região, embora a Polícia Civil ainda não descarte a hipótese de tentativa de assalto.

Morte em operação no Chapadão

Na manhã seguinte, o subtenente Anderson de Souza Figueira, de 43 anos, foi morto durante uma operação do 41º BPM (Irajá) no Complexo do Chapadão, em Costa Barros, Zona Norte do Rio.

Figueira, que ingressou na PM em 2002, realizava buscas no interior de uma igreja quando foi atingido por disparos. Ele chegou a ser levado ao Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, mas não resistiu. Pai de três filhos, o policial deixa também a esposa.

Segundo a corporação, a ação tinha como objetivo prender líderes de facção escondidos na comunidade, além de coibir roubos de veículos e cargas. Após o confronto, dois suspeitos baleados foram levados sob custódia ao mesmo hospital.

“PM Herói”

Os casos se somam a outras mortes recentes que chocaram a corporação. Em maio, o policial civil José Lourenço, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), morreu após ser atingido por um tiro de atirador escondido em uma seteira, na Cidade de Deus. O agente participava de uma operação contra crimes ambientais quando foi alvejado.

Outro episódio marcante foi a morte do sargento Kelvyton de Oliveira Vale, em julho. Conhecido entre colegas e nas redes sociais como o “PM herói”, ele já havia sobrevivido a nove tiroteios antes de ser atingido fatalmente durante ação no Morro do Trem, na Vila Kosmos.

Kelvyton havia ganhado notoriedade em 2020, quando viralizou um vídeo em que aparecia carregando nas costas o cabo Marco Antônio Matheus Maia, ferido em confronto. O colega morreu anos depois, em 2024, após longa internação.

Escalada da violência

As mortes de Fares e Figueira reforçam a escalada de violência contra forças de segurança no Rio de Janeiro. Especialistas apontam que a exposição de policiais em operações complexas, muitas vezes sem apoio tecnológico ou inteligência suficiente, aumenta a vulnerabilidade das equipes.

O quadro também alimenta o debate sobre a segurança dos próprios agentes, que seguem atuando em áreas dominadas por facções criminosas fortemente armadas. Para familiares, amigos e colegas de farda, as execuções representam não apenas tragédias pessoais, mas um retrato da guerra diária travada entre o Estado e o crime organizado no território fluminense.

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