Segundo a análise, a decisão mais agressiva foi acompanhada por uma projeção futura indicando que o BC pretende interromper o ciclo de aperto monetário na próxima reunião.

O banco norte-americano JPMorgan estimou, em relatório divulgado nesta sexta-feira, que o Banco Central (BC) deverá iniciar o ciclo de queda da taxa básica de juros da economia, a Selic, apenas na reunião de dezembro de 2025. Segundo os analistas, a elevação da taxa em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira contrariou o esperado pela maioria das instituições bancárias privadas e indicou que o BC trabalha com um tom mais duro (hawkish).
Segundo a análise, a decisão mais agressiva foi acompanhada por uma projeção futura indicando que o BC pretende interromper o ciclo de aperto monetário na próxima reunião. Os economistas do JPMorgan lembram que as projeções de inflação do BC permanecem acima da meta, com o indicador em 3,6%, ante a meta de 3% para 2026.
O fato indica que o modelo do BC aponta para a convergência da alta de preços à meta somente se as taxas se continuarem elevadas para além de dezembro de 2025. O Comitê de Política Monetária (Copom), no entanto, reconhece mais uma vez que as perspectivas de inflação, tanto externa quanto interna, são incertas.
Mensagem
“Continuamos a considerar essa incerteza, bem como os riscos inflacionários bilaterais, como uma forma de diminuir o impacto da mensagem de manter as taxas altas por um período mais longo do que o habitual”, argumentam Cassiana Fernandez, Vinicius Moreira e Mirella Mirandola Sampaio, que assinam o relatório do JPMorgan.
Nesse contexto, o JPMorgan manteve as projeções inalteradas, com os cortes de juros começando em dezembro de 2025. O trio de especialistas diz que a taxa deve cair 4,25 pontos porcentuais até o fim de 2026, com a Selic encerrando o próximo ano na casa dos 10,75% ao ano.
Já o Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) deverá considerar a possibilidade de cortar a taxa de juros em sua próxima reunião, considerando os recentes dados moderados de inflação e o fato de que qualquer choque de preços decorrente de tarifas de importação terá vida curta, segundo o diretor do Fed Chris Waller, nesta manhã.