O presidente da Câmara é um dos principais defensores dos projetos já aprovados para tentar destravar investimentos no país, como o marco legal do gás, enviado a sanção na madrugada de quarta-feira, e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, que destrava a nova rodada de auxílio emergencial. O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no entanto, ainda não enviou a medida provisória que detalha critérios para concessão do benefício.
Por Redação - de Brasília
A alta de 0.75 ponto percentual na taxa básica de juros do país (Selic) foi mal recebida, nesta quinta-feira, por segmentos inteiros da economia e do mundo político. Presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) foi ágil ao defender uma revisão da Selic para que o Brasil tenha uma possibilidade de crescimento mais previsível.
A decisão do Copom deixa uma série de dúvidas quanto à assertividade da decisão tomada no colegiado do BC
O presidente da Câmara é um dos principais defensores dos projetos já aprovados para tentar destravar investimentos no país, como o marco legal do gás, enviado a sanção na madrugada de quarta-feira, e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, que destrava a nova rodada de auxílio emergencial. O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no entanto, ainda não enviou a medida provisória que detalha critérios para concessão do benefício.
Segundo Lira, são propostas que permitem dar uma sinalização forte para a economia e para os investidores.
— Nós precisamos de investimento, para que a gente não entre naquela volatilidade também de sermos um país mais devedor do mundo, a maior dívida mundial, com a menor taxa de juros. É incompreensível — criticou.
Industriais contra
Lira, contudo, não detalhou qual indicador de dívida tomou como referência. De acordo com o monitor fiscal do Fundo Monetário Internacional (FMI), em uma lista referente a 2021, o Brasil tinha uma dívida de 102,76% do Produto Interno Bruto (PIB). Grécia tinha um percentual de 200,53% e o Japão, 263,97%.
— Se você é um banco e você tem um cliente que está querendo lhe pegar um dinheiro, e se aquele cliente lá não está com as contas em ordem, você não vai emprestar dinheiro a juro baixo. Então o Brasil precisa paulatinamente também rever essa questão aí dos juros, porque esse é um problema que vai sendo conjunto com economia, com saúde, e essas medidas o Congresso tem feito — acrescentou Lira.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), em linha com as críticas de Lira, também classificou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de “apressada”. Segundo a instituição, o recrudescimento da pandemia de covid-19 reduzirá o crescimento da demanda neste ano, diminuindo o ritmo de elevação nos preços de bens e de serviços.
Para o setor industrial, seria mais prudente esperar para avaliar o comportamento da inflação nos próximos meses, em vez de elevar os juros básicos e encarecer o crédito num momento em que empresas e consumidores tendem a se endividar.
Juro médio
“Consideramos que a decisão de aumento da taxa Selic deveria ter sido postergada até que os efeitos das medidas de isolamento sobre a demanda e, consequentemente, sobre a trajetória da inflação pudessem ser avaliados”, afirmou em comunicado, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
A elevação da taxa Selic decidida na véspera na reunião do Copom terá impacto pequeno sobre as taxas cobradas dos consumidores e das empresas, avalia a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), que também critica a alta acentuada nos juros oficiais. Segundo a Associação, existe uma diferença muito grande entre a taxa básica e os juros efetivos de prazo mais longo, o que dilui o impacto na ponta.
Segundo a Anefac, o juro médio para as pessoas físicas passará de 93,76% para 95,08% ao ano. Para as pessoas jurídicas, a taxa média sairá de 41,97% para 42,96% ao ano. A Selic passou de 2% para 2,75% ao ano.