Em linha com o pensador e professor do Departamento de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi às redes sociais, nesta segunda-feira, parabenizar o Partido Socialista e o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, pela vitória nas eleições legislativas deste domingo.
Por Redação - do Rio de Janeiro
A significativa vitória dos socialistas portugueses nas eleições presidenciais realizadas na véspera e consolidadas nesta segunda-feira, com a divulgação do resultado final com maioria absoluta do Partido Socialista no Parlamento, traduz-se em “um papel pedagógico” para os brasileiros. A interpretação é do cientista político Luiz Jorge Werneck Vianna, em entrevista exclusiva à reportagem do Correio do Brasil.
O presidente português António Costa conquista um novo mandato, de quatro anos, agora com maioria absoluta no Parlamento
Em linha com o pensador e professor do Departamento de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi às redes sociais, nesta segunda-feira, parabenizar o Partido Socialista e o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, pela vitória nas eleições legislativas deste domingo.
"Quero parabenizar o Partido Socialista e o primeiro-ministro, António Costa, pela grande vitória nas eleições em Portugal. Toda a sorte para o primeiro-ministro na continuidade do trabalho que tem feito na nossa nação irmã portuguesa", escreveu o petista.
Direita
A legenda socialista portuguesa, amplamente majoritária no Parlamento, contrariou as pesquisas de intenção de voto que apontavam um empate técnico entre o PS e o Partido Social-Democrata (PSD, de direita).
— Em eleição emocionante, transcorrida em meio ao recrudescimento da pandemia pela ação da nova cepa Ômicron, os portugueses acorreram sem medo às urnas a fim de escolher os membros do seu Parlamento — disse Werneck Vianna.
Segundo o catedrático, “os resultados frustraram as expectativas da mídia conservadora brasileira, que contava com o avanço da direita, apontando em favor de uma contundente vitória dos socialistas de António Costa, concedendo a eles maioria parlamentar, com a qual ganham fôlego para realizar seu programa de governo”.
— Tal resultado importa em reconhecer que os europeus têm sabido barrar a extrema direita e definido suas opções por soluções democráticas e reformistas. As repercussões dessa vitória dos socialistas sobre nós devem cumprir um papel pedagógico na sucessão presidencial que se avizinha, pondo sob nova luz a aliança Lula-Alckmin que certos círculos minoritários da esquerda desejam impedir. Cada qual com sua geringonça, já temos a nossa — acrescentou Vianna.
Federações
A ‘geringonça’ a que se refere o sociólogo, aqui no Brasil, também atende pelo nome de ‘federação partidária’, em que diferentes legendas se obrigam a permanecer juntas por um tempo determinado, após as eleições. Lula tem buscado formar, com esse modelo, um conjunto de forças que parte da centro-esquerda até setores da direita brasileira.
O resultado é que parte do chamado ‘Centrão’, aquele grupo de políticos venais e conservadores que apoia o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), já se movimenta na direção do líder petista. Em face da elevada rejeição a Bolsonaro, líderes do bloco têm passado a defender, abertamente, o abandono ao atual ocupante do Palácio do Planalto e o apoio ao ex-presidente Lula.
Governadores nos Estados e prefeitos de municípios brasileiros; além dos parlamentares em diversos níveis legislativos avaliam que, no cenário regional, a perspectiva de Lula vencer as eleições presidenciais ainda no primeiro turno e o negacionismo de Bolsonaro quanto à pandemia devem decidir os rumos das alianças.
Conduta
De acordo com pesquisa do Instituto DataFolha divulgada em dezembro, o atual mandatário é rejeitado por 53% da população, patamar mais alto desde o início do governo. Na ocasião, Lula apareceu com 48% das intenções de voto, contra 22% de Bolsonaro. Há duas semanas, o mesmo instituto revelou que 58% dos brasileiros acreditam que o presidente atrapalhou a vacinação de crianças contra a covid-19.
Em função dos reflexos negativos da conduta, aliados vêm tentando demovê-lo das críticas insistentes à imunização — por ora, a iniciativa não alcançou sucesso. Enquanto isso, começa a debandada de setores do ‘Centrão’ a partir de centros urbanos que, até há pouco tempo, apoiavam o presidente. Prefeito de Nova Iguaçu, quarto maior colégio eleitoral do Rio, Rogério Lisboa (PP) acaba de declarar que apostará na dobradinha entre Lula e o governador do Estado, Cláudio Castro, que tentará a reeleição pelo PL, sigla que abriga Bolsonaro.
O ministro Ciro Nogueira (Casa Civil), integrante do comitê de pré-campanha de Bolsonaro e presidente licenciado do PP, reconheceu a existência de um movimento interno de defecção, acelerada por um desempenho cada vez pior de Bolsonaro, nas pesquisas.