Segundo a Força Aérea Ucraniana, a Rússia lançou na madrugada desta quarta-feira 728 drones e 13 mísseis contra o país vizinho.
Por Redação, com RFI – de Kiev
A Ucrânia acusou a Rússia nesta quarta-feira de efetuar o maior ataque com drones e mísseis desde o início da invasão do Exército russo, em fevereiro de 2022. O conflito atravessa uma fase marcada pela intensificação dos bombardeios e pelo impasse diplomático.

Segundo a Força Aérea Ucraniana, a Rússia lançou na madrugada desta quarta-feira 728 drones e 13 mísseis contra o país vizinho, dos quais 711 drones foram interceptados e sete mísseis, destruídos. Em umbalanço preliminar, Kiev informou que quatro regiões foram atingidas, mas não divulgou detalhes sobre os danos.
Em comunicado, a Força Aérea afirmou que “o principal alvo dos bombardeios foi a região de Volínia, cuja capital é Lutsk”, localizada no noroeste do país. Oito feridos foram registrados em Kiev, Sumy (nordeste), Zaporíjia e Kherson (ambas no sul).
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, denunciou um ataque que, segundo ele, demonstra a rejeição da Rússia a um cessar-fogo. Ele voltou a pedir “sanções severas” contra Moscou e sua economia, especialmente contra o setor petrolífero, que “alimenta a máquina de guerra há mais de três anos”. “Todos aqueles que desejam a paz devem agir”, ressaltou Zelensky.
Já o chefe do gabinete da Presidência, Andriy Yermak, destacou que o ataque ocorreu “no mesmo momento em que os Estados Unidos anunciaram publicamente o envio de armas”. Na terça-feira, o Kremlin expressou seu descontentamento com as promessas do presidente americano, Donald Trump, à Ucrânia. Segundo o governo russo, qualquer apoio desse tipo contribui para “a continuação das hostilidades”.
O Ministério da Defesa russo também indicou ter abatido 86 drones ucranianos sobre seu território durante a noite.
Lavrov na Coreia do Norte
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, viajará neste fim de semana à Coreia do Norte, país que tem oferecido apoio militar à Rússia. O anúncio foi feito nesta quarta-feira pela agência estatal norte-coreana KCNA. O chanceler permanecerá no país entre 11 e 13 de julho, atendendo a um convite oficial de Pyongyang. O motivo da visita não foi divulgado.
A viagem de Lavrov ocorre um mês e meio após a visita do secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Serguei Choïgou, a Pyongyang, por ocasião do primeiro aniversário de um acordo de defesa mútua entre os dois países.
Nos últimos anos, Rússia e Coreia do Norte reforçaram sua cooperação militar, com o envio de armas e contingentes norte-coreanos para apoiar a invasão da Ucrânia. Durante meses, ambos os governos negaram essas informações. No entanto, em abril deste ano, Pyongyang reconheceu pela primeira vez o envio de tropas à linha de frente ucraniana ao lado do Exército russo.
Recrutamento de combatentes estrangeiros
Após três anos e meio de guerra, a Rússia enfrenta não apenas a escassez de armamentos em sua ofensiva na Ucrânia, mas também a falta de combatentes. Na segunda-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto que autoriza cidadãos estrangeiros a servir no Exército do país não apenas durante o estado de emergência e a lei marcial, mas também em períodos de convocação militar.
O decreto de mobilização parcial, assinado por Putin em setembro de 2022 e que provocou o êxodo de mais de 261 mil russos, continua em vigor. Com a nova autorização para o alistamento de estrangeiros, o Kremlin espera reforçar o recrutamento militar e, ao mesmo tempo, evitar a conscrição formal — uma medida impopular e politicamente sensível.