A população ucraniana diz ter poucas ilusões sobre um cessar-fogo iminente. O presidente Volodymyr Zelensky anunciou três prioridades para o encontro em Istambul.
Por Redação, com RFI – de Kiev
A cidade portuária de Odessa foi alvo na noite passada de um ataque massivo de drones. A Rússia continua seus ataques em larga escala em toda a Ucrânia. É nesse contexto que Kiev confirmou a previsão de novas negociações diretas com a Rússia, agendadas para quarta-feira, em Istambul, na Turquia.

Esta será a terceira rodada de negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia. Embora a reunião não tenha sido confirmada pelo Kremlin, o porta-voz russo Dmitry Peskov declarou, na segunda-feira, que “muito trabalho” seria necessário para alcançar algum progresso, dadas as propostas de paz “diametralmente opostas” dos dois países.
A população ucraniana diz ter poucas ilusões sobre um cessar-fogo iminente. O presidente Volodymyr Zelensky anunciou três prioridades para o encontro em Istambul: novos acordos sobre a troca de prisioneiros de guerra e corpos de civis e soldados mortos em combate, negociar o retorno de cerca de 20 mil crianças sequestradas pela Rússia e organizar um encontro direto entre ele e o presidente russo, Vladimir Putin.
Até o momento, o convite ao Kremlin para um encontro dos dois líderes foi ignorado.
Em visita a Kiev, chanceler francês reitera apoio
Este anúncio de novas negociações ocorre no momento em que o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, continua sua visita à Ucrânia, iniciada na segunda-feira. O chanceler francês já se encontrou com Volodymyr Zelensky, com o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Andriy Sybiha, e com a nova primeira-ministra Yulia Svyrydenko. Ele também visitou a usina nuclear de Chernobyl, onde denunciou “as consequências de uma guerra sem limites” e o ataque com drones russos ocorrido em fevereiro.
Nesta terça-feira, Jean-Noël Barrot afirmou que “as negociações de paz entre russos e ucranianos serão louváveis se levarem a uma reunião entre Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin para chegar a um acordo de cessar-fogo”, disse o ministro em entrevista à France Inter, no leste da Ucrânia. Ele também reafirmou “o apoio inabalável da França a Kiev”.
Jean-Noël Barrot ainda confirmou o interesse de empresas francesas em investir na Ucrânia na coprodução de equipamentos militares, especialmente drones. Os europeus continuarão a “aumentar a pressão sobre Vladimir Putin”, garantiu Barrot nas redes sociais.
– Já se passaram cinco meses desde que a Ucrânia aceitou um cessar-fogo incondicional de 30 dias, permitindo a abertura de negociações, porque não se negocia sob bombas, e esperamos há cinco meses que Vladimir Putin aceite o mesmo princípio – acrescentou Jean-Noël Barrot.
– É pressionando a Rússia e fornecendo apoio à Ucrânia que conseguiremos pôr fim a esta guerra covarde e vergonhosa – declarou o chanceler francês, que discutiu com Zelensky o treinamento de soldados ucranianos.
Sanções como arma para pressionar Moscou
Barrot também afirmou que as novas sanções europeias contra a Rússia, adotadas em 18 de julho, visam “aumentar o custo da guerra” e garantir um cessar-fogo, que o Kremlin continua a recusar. As sanções já adotadas e a perspectiva de sanções adicionais pelos Estados Unidos ou pela Europa devem “levar Vladimir Putin a mudar seus cálculos e concordar com um cessar-fogo”, reiterou Jean-Noël Barrot.
Na semana passada, a União Europeia adotou um 18º pacote de sanções, na tentativa de limitar a receita de Moscou com a venda de petróleo. O presidente americano Donald Trump, por sua vez, deu à Rússia 50 dias, em 14 de julho, para encerrar a guerra. Caso contrário, os Estados Unidos também imporão sanções adicionais.
Se Vladimir Putin não mudar de posição, Paris está pronta para “ir mais longe”, garantiu Barrot. “Já pedi às minhas equipes que preparem um novo pacote de sanções ainda mais severo”, ameaçou.