Rio de Janeiro, 27 de Junho de 2025

STF recebe pedido para investigar Bolsonaro, no escândalo do MEC

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Quinta, 23 de Junho de 2022 às 13:47, por: CdB

Ex-ministro da Educação, o pastor Milton Ribeiro, segundo a PF, com base em documentos, depoimentos e no Relatório Final da Investigação Preliminar Sumária da Controladoria-Geral da União reunidos em inquérito policial, foi identificado como integrante de uma quadrilha.

Por Redação - de Brasília
A pedido do deputado Reginaldo Lopes, líder do PT na Câmara, nesta quinta-feira, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, recebeu uma notícia-crime contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). O parlamentar quer que o mandatário seja investigado na operação ‘Acesso Pago’, da Polícia Federal (PF), que investiga a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
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Presidente do STF, ministro Luiz Fux encaminhou o pedido de investigação ao presidente Bolsonaro para a PGR
Ex-ministro da Educação, o pastor Milton Ribeiro, segundo a PF, com base em documentos, depoimentos e no Relatório Final da Investigação Preliminar Sumária da Controladoria-Geral da União reunidos em inquérito policial, foi identificado como integrante de uma quadrilha que agia no âmbito do Ministério da Educação (MEC). A ordem de prisão do ex-ministro foi emitida pela 15ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Distrito Federal. O mandado expedido contra o ex-ministro cita os crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência e o envolvimento do presidente da República foi citado pelo próprio ex-ministro.

Operadores

Na carta-crime, Lopes afirma que os fatos “demonstram a existência de uma organização criminosa chefiada pelo Presidente da República, Senhor Jair Messias Bolsonaro, que tinha como operador político o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e como operadores financeiros principais, os Pastores Gilmar Santos e Arilton Moura”. O inquérito da PF foi aberto em março após o diário conservador paulistano O Estado de S.Paulo revelar a existência de um “gabinete paralelo” dentro do MEC controlado pelos pastores. Em seguida, o diário conservador paulistano Folha de S.Paulo publicou o áudio de uma reunião em que Ribeiro alegava que, a pedido de Bolsonaro, repassava verbas para municípios indicados pelo pastor Gilmar Silva. Após as revelações, Ribeiro deixou comando do MEC, cargo que ocupava desde julho de 2020. Na época, Ribeiro negou que tivesse cometido qualquer irregularidade na liberação de recursos a prefeituras.

Notícia-crime

“Como se verifica no áudio divulgado em março deste ano, e nas demais investigações realizadas pelos órgãos de controle, além do próprio Poder Legislativo (Senado Federal), o grupo criminoso que atuava no Ministério da Educação e no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação agia em nome, a pedido e por delegação do Presidente da República, o que demonstra que este tinha total controle e dominava toda a empreitada delituosa, de modo que não pode ser excluído da investigação em curso e das punições que vierem, em tese, a ocorrer”, escreve o deputado petista. Após receber a notícia-crime, Fux tende a encaminhar à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que ela avalie o pedido e tome uma decisão. Na véspera, tão logo soube da prisão de Ribeiro, o presidente lamentou o ocorrido e disse que o ex-auxiliar responderá por seus atos caso tenha feito algo de errado. — É como a questão do Milton, lamento. A imprensa vai dizer que está ligado a mim, etc. Paciência. Se tiver algo de errado, ele vai responder. Se tiver.. Se for inocente, sem problema. Se for culpado, vai pagar — alegou o presidente, em entrevista a uma rádio.

‘Cara no fogo’

Ainda segundo Bolsonaro, “o governo colabora com a investigação”. — A gente não compactua com nada disso. Agora, não sei qual a profundidade dessa investigação. No meu entender, não é aquela orgânica, porque nós temos os compliances nos ministérios. Qualquer contrato, qualquer negócio não passa — acrescentou. À época em que surgiram as denúncias em torno da atuação de Ribeiro no Ministério da Educação, e antes do afastamento do então ministro do cargo, em março último, Bolsonaro afirmou em uma de suas transmissões semanais nas redes sociais que colocaria a “cara no fogo” por Ribeiro. — O Milton, é coisa rara o que eu vou falar aqui, eu boto a minha cara no fogo pelo Milton, minha cara toda no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia com ele — disse o presidente.
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