A fala do general foi adiada para o dia 19, após as duas semanas necessárias para a quarentena. Porém, na quinta-feira, o Estadão noticiou que o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, teria visitado Pazuello.
Por Redação - de Brasília
Senador e integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, Rogério Carvalho (PT-SE) avaliou que, se o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello não apresentar o exame positivo para covid-19, ele terá utilizado uma “manobra” para não prestar depoimento à comissão, marcado originalmente na quarta-feira.
O senador, no entanto, lamenta a ausência do ex-ministro pois, em sua visão, não sabe como ele vai conseguir se preparar melhor “porque ninguém vai conseguir mudar a realidade”. Na terça-feira, véspera de seu depoimento na CPI, Pazuello informou que estava com suspeita de covid-19 e, por isso, não poderia comparecer presencialmente ao Senado.
A fala do general foi adiada para o dia 19, após as duas semanas necessárias para a quarentena. Porém, na quinta-feira, o Estadão noticiou que o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, teria visitado Pazuello.
Discurso
Em entrevista à CNN Brasil, Carvalho disse não ter dúvidas de que o general está sendo treinado e orientado a dar respostas que não o comprometam. “Mas é muito difícil, num interrogatório que deve durar 8, 10h, alguém resistir às perguntas e evidências”, pontua.
Para Carvalho, durante o depoimento, o mais difícil é responder da mesma forma uma pergunta que é repetida várias vezes. Em sua visão, Pazuello não vai conseguir sustentar o mesmo discurso durante o período.
O senador ainda alerta que entrevistar Pazuello não deve ser visto como um confronto com o Exército, muito menos que essa interpretação seja utilizada a favor do general.
— Vai ser entrevistado um general que vestiu roupa civil — esclareceu.
‘Conivente’
Segundo ele, o ex-ministro não poderá ir com farda do Exército pois “ele não foi ao Ministério vestido de uniforme do Exército”.
— Que ele não abuse e que ele não tente intimidar a comissão trazendo consigo a representação do Exército brasileiro porque isso não vai funcionar — reforçou o petista.
O parlamentar afirma que, ainda que Pazuello não tenha agido com autonomia no Ministério da Saúde, “ele foi conivente” às ações do governo da pandemia.
— O que está ficando claro é que todos (os ministros da Saúde) fazem a vontade do presidente da República — ressaltou.
Carvalho acrescenta que “aqueles que discordaram dele (Bolsonaro), em alguma medida, rapidamente é substituído”.
— Não tenho dúvida de que o Queiroga, num determinado momento, será demitido se ele tiver o mínimo de responsabilidade e coerência com o exercício ético da Medicina — conclui.