Trump expressou especificamente sua frustração com o fato de que o “discurso” de Putin sobre paz é frequentemente seguido por ataques russos nas principais cidades ucranianas.
Por Redação, com Reuters – de Moscou
O Kremlin reagiu de forma fria nesta terça-feira aos avisos de Donald Trump ao presidente Vladimir Putin sobre a Ucrânia, dizendo que as recentes decisões do presidente dos EUA e da aliança militar da Otan seriam interpretadas por Kiev como um sinal para continuar a guerra.

Trump, sentado ao lado do secretário-geral da Otan, Mark Rutte, no Salão Oval, na segunda-feira, anunciou novas armas para a Ucrânia e ameaçou tarifas secundárias “mordazes” de 100% sobre os compradores de exportações russas, a menos que haja um acordo de paz em 50 dias.
– As declarações do presidente dos EUA são muito sérias. Algumas delas são dirigidas pessoalmente ao presidente Putin – disse aos repórteres o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
– Certamente precisamos de tempo para analisar o que foi dito em Washington.
Peskov, no entanto, acrescentou que já estava claro que as decisões tomadas em Washington e em outras capitais da Otan foram “percebidas pelo lado ucraniano não como um sinal de paz, mas como um sinal para continuar a guerra”.
Putin, que falou com Trump por telefone pelo menos seis vezes este ano, ainda não comentou publicamente as falas de Trump.
Mas duas outras autoridades russas de alto escalão não se contiveram.
Rússia
O ex-presidente Dmitry Medvedev, agora vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, disse que Moscou não se importa com o “ultimato teatral” de Trump, enquanto um diplomata russo sênior, Sergei Ryabkov, indicou que dar ultimatos a Moscou é inaceitável e sem sentido.
Trump, que afirmou querer ser visto como um presidente “pacificador”, disse que quer ver o fim da guerra — na qual, segundo ele, os Estados Unidos gastaram US$350 bilhões — mas que estava “decepcionado” com Putin.
Trump expressou especificamente sua frustração com o fato de que o “discurso” de Putin sobre paz é frequentemente seguido por ataques russos nas principais cidades ucranianas e indicou que Washington quer pressionar Moscou a encerrar a guerra enviando mais armas para a Ucrânia.
– Não quero dizer que ele é um assassino, mas é um cara durão – declarou Trump sobre Putin, uma referência ao ex-presidente dos EUA Joe Biden, que chamou o líder russo de “assassino” em uma entrevista em 2021.
O Financial Times relatou que Trump havia incentivado a Ucrânia a intensificar os ataques nas profundezas do território russo, até mesmo perguntando ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, se ele poderia atingir Moscou se os EUA fornecessem armas de longo alcance.
Trump disse à agência britânica de notícias BBC que “não terminou” com Putin e que acha que um acordo de paz com a Ucrânia está no horizonte.
Putin ordenou a entrada das tropas russas na Ucrânia em fevereiro de 2022, após oito anos de combates no leste da Ucrânia entre separatistas apoiados pela Rússia e forças ucranianas. Os Estados Unidos dizem que 1,2 milhão de pessoas foram feridas ou mortas na guerra.