Várias instituições revisaram, para cima, as projeções de PIB para o ano, como o Barclays (0,3% para 1%), Bradesco (1% para 1,5%), Goldman Sachs (0,6% para 1,25%), Banco Inter (0,8% para 1,2%) e Bank Of America (BofA, 0,5% para 1,5%). Em março, o crescimento foi de 1,7% nos serviços e de 0,7% no varejo ampliado.
Por Redação - de São Paulo
Os resultados positivos do varejo (2,3%) e dos serviços (1,8%) no primeiro trimestre impulsionaram a atividade econômica e levaram a uma onda de revisões para o PIB deste ano, com as análises dos economistas chegando mais próximas da previsão feita pelo governo, de alta de 1,5%. Mas, para analistas do mercado financeiro, o fôlego desses dois setores deve arrefecer ao longo do ano, com impacto da alta das taxas de juros e o esgotamento dos estímulos ao consumo.
Para 2022 a estimativa também foi melhorada a um aumento de 1,5% do PIB
Assim, várias instituições revisaram, para cima, as projeções de PIB para o ano, como o Barclays (0,3% para 1%), Bradesco (1% para 1,5%), Goldman Sachs (0,6% para 1,25%), Banco Inter (0,8% para 1,2%) e Bank Of America (BofA, 0,5% para 1,5%). Em março, o crescimento foi de 1,7% nos serviços e de 0,7% no varejo ampliado.
— Achávamos que as famílias teriam de escolher entre bens de consumo e serviços, devido à inflação, à taxa de desemprego ainda elevada e ao salário baixo. O que mudou é a decisão do governo de tentar salvar a atividade trazendo parte da renda futura para o presente. As famílias mais ricas ainda têm uma poupança formada na pandemia que está sendo gasta agora, tanto em bens quanto em serviços, e as de menor renda têm as transferências e benefícios do governo — disse a jornalistas Eduardo Vilarim, economista do Banco Original.
Transferências
Para Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, o deslocamento de gastos do comércio varejista para serviços ocorreu no terceiro e no quarto trimestres de 2021. No primeiro trimestre deste ano, porém, um crescimento de 4% na massa de renda disponível foi fundamental para impulsionar o crescimento simultâneo dos setores. O cálculo da XP leva em conta a massa de renda na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), mas também considera transferências de renda, benefícios previdenciários, abono salarial e seguro desemprego.
— Essa expansão de renda disponível se deve à recuperação do mercado de trabalho, que ganhou tração nos últimos meses, tanto no segmento formal quanto no informal. O retorno da população ocupada dá sustentação ao consumo de curto prazo. O Auxílio Brasil também teve uma contribuição positiva, e olhando à frente entram outras medidas de antecipação de renda, como saques do FGTS e antecipação do décimo terceiro — analisa Margato.
Já o economista-chefe da Vinland Capital, Aurelio Bicalho, ressalta que a recuperação dos serviços prestados às famílias impacta o mercado de trabalho e aumenta a massa salarial, por ser um segmento intensivo em mão de obra. Dessa forma, o setor é capaz de avançar sem que haja uma redução significativa no consumo de bens.
A Vinland espera crescimento de 1,3% do PIB em 2022, com avanço de 1% no primeiro trimestre, desaceleração a 0,2% no segundo, queda de 0,3% no terceiro e alta de 0,2% no quarto.
— Fatores específicos como Auxílio Brasil e FGTS ajudam agora, mas depois geram efeito contrário. Além disso, no segundo semestre devemos observar um efeito maior do aperto monetário, sobretudo no consumo de bens duráveis — encerra Bicalho.