Rio de Janeiro, 03 de Setembro de 2025

Renan busca evidências da liderança do presidente no agravamento da pandemia

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Sexta, 07 de Maio de 2021 às 11:56, por: CdB

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) também rechaçou a ideia de que a CPI pode ser usada como trampolim político. “Não estamos preocupados em produzir personagens, criar novos atores, usá-la como palanque político. Queremos esclarecer os fatos”, disse o parlamentar ao jornalista Juca Kfouri.

Por Redação, com BdF - de São Paulo

O objetivo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid é investigar se o notório comportamento negacionista do governo Bolsonaro transformou-se especificamente em políticas públicas. A declaração é do relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), convidado do programa Entre Vistas que foi ao ar na noite passada pela rede popular de TV TVT, sob o comando do jornalista Juca Kfouri.

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O senador Renan Calheiros (MDB-AL) busca provas quanto ao envolvimento de Bolsonaro na disseminação da covid-19

Para isso, a CPI vai investigar fatos e não pessoas, um diferencial em relação a outras comissões, segundo o parlamentar.

— O papel da Comissão Parlamentar de Inquérito não é investigar se alguém usou a cloroquina, se foi feito ou não o tratamento precoce, se houve uma desmotivação para o uso de máscara ou distanciamento social. Não é essa a questão. O papel é saber se houve responsabilidade, ou não, quando transformaram isso em política pública. Isso é, e o Mandeta disse aqui (na CPI), um problema de probidade discutível — afirmou Renan Calheiros.

Novos atores

Quando questionado sobre jornalistas ou médicos que estimulam o comportamento negacionista, o senador respondeu que essas manifestações estão dentro dos limites da liberdade de expressão. Apesar do desserviço, é um direito.

— Essas pessoas não cometem crime quando fazem isso. O grave é transformar isso em política pública, é gastar dinheiro público para isso. Se isso aconteceu, não tenha dúvida de que (o governo Bolsonaro) será responsabilizado — acrescentou.

Renan também rechaçou a ideia de que a CPI pode ser usada como trampolim político. “Não estamos preocupados em produzir personagens, criar novos atores, usá-la como palanque político. Queremos esclarecer os fatos”, disse.

— Essa comissão tem começo, meio e fim. Ela é diferente das outras, ela não trata de desvio de recursos. Se houver, dentro da nossa competência, vamos investigar. Mas essa comissão objetiva salvar vidas. Corrigir o que continua errado e podia ser corrigido lá atrás. Se isso tivesse acontecido, teríamos salvo muitas vidas no nosso país. Ela vai investigar fatos, não pessoas — ressaltou.

Constrangimento

Outro ponto abordado na entrevista foi o adiamento do depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sob alegação de que ele havia entrado em contato com pessoas infectadas com o coronavírus. “Foi um contrangimento muito grande para a CPI e para o próprio Exército", afirmou Calheiros.

O presidente da comissão (Omar Aziz, PSD-AM) falou em algumas oportunidades com o comandante do Exército e claramente o ex-ministro Pazuello procura transformar a corporação em um biombo para não comparecer”, disse Renan, que chamou de “histórico” o depoimento a ser realizado no dia 19 de maio.

— Ele não precisaria se submeter à quarentena, bastaria fazer o teste. Se ele estivesse com covid, claro, ele não iria. Se não estivesse, seria importante que viesse — presume.

Resposta

Dando pistas sobre qual caminho vai seguir nos questionamentos a Pazuello, o senador citou uma passagem do depoimento de Nelson Teich, ministro que antecedeu o militar. Nele, perguntou se o general, que não tinha qualquer experiência na área quando foi indicado por Bolsonaro para o cargo de secretário de Teich, evoluiu o suficiente para ser a maior autoridade pública de saúde do país.

Ouviu um não como resposta.

— É aquela coisa da especialidade. Deu no que deu, porque pessoas que não conheciam a saúde pública ficaram com essas tarefas — disse o senador alagoano.

Militares

O relator explicou, ainda, que Pazuello “não vai depor como investigado, vai como testemunha. E tem uma sutileza importante aí”.

— O Supremo decidiu que o investigado não é obrigado a comparecer para depor, para não produzir prova contra ele próprio, que é um princípio constitucional. Mas a testemunha, não. Essa tem de comparecer e tem de prestar depoimento sob compromisso de dizer a verdade — atesta.

Renan, porém, esquiva-se de confronto aberto com os militares.

— A narrativa que querem fazer é que nós queremos expor a instituição (Exército). Isso não vai acontecer. Vamos ouvir o Eduardo Pazuello como ministro. Queremos saber como ele colabora para os esclarecimentos dos fatos que nos levaram a essa situação — resume.

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