Medida da prefeitura para reduzir custos fora do horário de pico afeta rotina e gera crítica.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A reorganização das linhas de ônibus no Rio de Janeiro, promovida pela prefeitura, vem causando transtornos para passageiros e moradores. Com a proposta de redistribuir a frota entre horários de pico e entrepico, a medida resultou na redução de até 30% das viagens em algumas linhas, como a 107, que liga a Central do Brasil à Urca.

No ponto final da Urca, coletivos se acumulam parados por longos períodos, enquanto usuários esperam por horas. “Um monte de ônibus parado e todo mundo aqui aguardando o quê? A hora passar pra chegar mais tarde em casa? Isso é muito ruim mesmo”, desabafou a copeira Claudete de Lima.
A cena foi registrada pela reportagem do programa jornalístico RJ2, da TV Globo por volta das 15h, período de menor circulação. A concentração de ônibus nesses horários, segundo especialistas, visa reduzir o subsídio municipal pago às empresas. No entanto, o impacto direto tem sido sentido pelos passageiros, que enfrentam atrasos e incertezas.
Sem coordenação e sem previsão
Com o novo planejamento, motoristas relatam ficar até uma hora e meia parados aguardando autorização para iniciar a próxima viagem. “Nem eles estão conseguindo se coordenar. A gente não tem horário específico pra se basear. Não era bom, tá péssimo”, criticou a diarista Maria Nália.
A desorganização também incomoda os moradores da região. No ponto final da Urca, a regra que limita a permanência de dois ônibus não vem sendo respeitada. “Começou uma buzinaria aqui desde ontem. Os carros ficam esperando os ônibus entrarem. Aonde ficam os ônibus nos intervalos?”, questionou o aposentado Carlos Rodrigues.
Empresas e Prefeitura apontam dificuldades
O setor de transporte reconhece o desafio logístico. “Está muito difícil conseguir operacionalizar essa mudança. Aumentaram viagens em determinados horários e reduziram bastante em outros. A logística ficou extremamente complicada”, afirmou Paulo Valente, porta-voz do Rio Ônibus.
A Secretaria Municipal de Transportes informou que o planejamento é quinzenal e pode ser ajustado conforme a demanda e os problemas identificados. À noite, a quantidade de viagens aumentará, com partidas de hora em hora.
Mesmo assim, muitos passageiros ainda não percebem melhorias. “Fiquei uma hora esperando a condução até a Central. Já dormi no trabalho por não ter como voltar pra casa”, contou a recepcionista Rafaela Manhani. “Já tô aqui há 22 minutos e não passou nenhum. Normalmente, nesse tempo, já estaria em casa”, relatou a manicure Maria José Serafim Freitas.
A agente de saúde bucal Marilene Mendes resumiu a indignação de muitos trabalhadores: “Tá horrível. Diminuíram muito. Foi a pior coisa que fizeram. E nós é que sofremos”.