“Marilza cruzou o oceano, mas não retirou o olhar do horizonte de seu país de origem. Se é verdade que a distância aguça a crítica, este compêndio organizado em forma de crônicas, entrevistas e artigos testemunha uma percepção sobre os acontecimentos favorecida por uma vivência de alteridade”, refletiu a socióloga Irlys Alencar F.Barreira.
Por Redação – do Rio de Janeiro
A jornalista e economista amazonense Marilza de Melo Foucher lança nesta sexta-feira, às 19h, na Livraria da Travessa em Ipanema, o livro “A escrita como um ato político”. A autora, radicada há 40 anos em Paris, mas em visita ao seu país natal, estará presente para conversar com o público e autografar exemplares. A entrada é livre e o convite é estendido a todos que querem conhecer uma obra capaz de transportar o leitor a um patamar mais profundo do pensar a realidade.

“Uma escrita que reflete sobre os desafios do tempo, a emergência do inesperado e as expectativas de um futuro desejado constitui um ato político. É essa a perspectiva que está presente em cada linha deste livro, cultivado ao longo do tempo pelo vislumbre sensível de uma observadora crítica. Marilza cruzou o oceano, mas não retirou o olhar do horizonte de seu país de origem. Se é verdade que a distância aguça a crítica, este compêndio organizado em forma de crônicas, entrevistas e artigos testemunha uma percepção sobre os acontecimentos favorecida por uma vivência de alteridade”, refletiu a socióloga, escritora, professora titular da Universidade Federal do Ceará Irlys Alencar F.Barreira.
Resultado de uma vida inteira atravessada por experiências políticas, afetivas e intelectuais, ‘A escrita como um ato político‘ “é um livro que vai além da crônica, do artigo ou da entrevista”.
“Trata-se de um registro profundo — e por vezes íntimo — de uma autora que, mesmo distante fisicamente da Amazônia, jamais deixou de escrever a partir dela. Conforme a doutora em Filosofia e coordenadora editorial da Valer, Neiza Teixeira, é um livro muito importante, tendo em vista que marca a relação consistente, estabelecida entre o Brasil, a França e a América Latina, ‘Além disso, as entrevistas são testemunhos do nosso tempo, com pessoas que constroem a nossa história. É um livro que deve ser lido pelas pessoas que têm interesse em conhecer o Brasil contemporâneo’, ressaltou Neiza. São mais de 300 textos cuidadosamente reunidos e organizados, que traçam o percurso de uma mulher comprometida com as lutas que escolheu abraçar. Temas como democracia, neoliberalismo, colonialismo, crise climática, direitos humanos e educação não aparecem aqui como conceitos distantes, mas como experiências vividas, carregadas de significado e urgência. Ao longo das páginas, um fio condutor destaca-se com delicadeza: o entendimento de que pensar é, por si só, um ato político — e que escrever é uma forma ativa de participar, resistir e propor caminhos”, escreveu o jornalista Marcos Santos, em seu blog.
Lucidez
Ainda segundo Santos, a também poetisa Marilza Foucher “constrói uma linguagem que combina rigor jornalístico e sensibilidade poética, traduzindo com precisão as complexidades do tempo presente, sem perder a força do desejo e da memória. Mesmo ao tratar de momentos históricos específicos — como os anos sombrios da ditadura militar, o processo de redemocratização, a promulgação da Constituição de 1988, o avanço das políticas neoliberais e os recentes retrocessos democráticos — a voz da autora permanece atual, inquieta e lúcida, convidando o leitor a refletir para além do tempo em que foram escritos.