"Freixo, ameaçado pela milícia, responsável pela CPI que apontou o pai de Doutor Jairinho como um perigoso miliciano, deveria ser o puxador desta reação política e social para demolir os muros construídos em torno daquele território minado", escreve o editor Fábio Lau, em um recado às forças progressistas da sociedade.
Por Fábio Lau - do Rio de Janeiro
Doutor Jairinho foi eleito com a força da milícia em um reduto onde a esquerda não entra.
A militância teme colocar os pés e distribuir panfletos naquele território minado do Rio de Janeiro.
Isso protege o militante, mas relega moradores à própria sorte.
O caso Henry é uma tragédia que não pode ficar impune - e a impunidade não será cessada apenas com a prisão e condenação dos assassinos.
A influência dos criminosos milicianos na região, a imunidade local e a impunidade daquele grupo criminoso, hoje associado ao tráfico e com fortes tentáculos no estado, precisam ser minados também.
Milícia
Os partidos de esquerda permanecem calados diante desta tragédia de uma criança, como se a história fosse de caráter privado, é refletem a covardia com que ela, a esquerda, passou a lidar, há décadas, com o tema "violência".
Como se o assunto fosse menor, não filosófico, não frequentasse a meio acadêmicos, portanto. E o cidadão que lá reside tivesse opção de não votar em candidatos da milícia.
Não tem. E involuntariamente contribui financeiramente com a milícia que ajudará na campanha de seus representantes. Compra e paga por água, gás, internet, TV a cabo, transporte e segurança.
Lembremos que Jairinho gastou oficialmente R$ 1,5 mi na sua campanha para obter 16 mil votos - gastou o equivalente a R$ 100 por cada voto. Quantos parlamentares conseguem tanto recurso?
Ele, em quatro anos, arrecadaria a metade em proventos - pouco mais de R$ 860 mil.
Jairinho
Impressiona que nenhum partido de esquerda tenha emitido uma nota para defender a investigação séria do esquema miliciano, radicado na Zona Oeste mas irradiado por toda a cidade.
Houve ação isoladas e corajosas, como a do vereador Chico Alencar, e nada mais.
Freixo, ameaçado pela milícia, responsável pela CPI que apontou o pai de Doutor Jairinho como um perigoso miliciano, deveria ser o puxador desta reação política e social para demolir os muros construídos em torno daquele território minado.
Muros que protegem o crime e aqueles que crescem financeiramente a partir dele. E não só negócios do mundo terreno, sabemos.
A esquerda precisa deixar a covardia e inércia e passar a falar a língua do cidadão.
Parar de pensar apenas em reeleição de seus quadros e uma eventual ampliação e falar em nome de quem precisa.
Precisa ser a corrente política que de fato precisaria ser para justificar a razão de existir.
Seu encolhimento neste momento é gritante.
Covardes
Marielle foi morta pela milícia e nem mesmo este registro parece comover ao afeitos exclusivamente a eventos públicos, no centro da cidade, onde fazem selfies, ostentam camisetas com dizeres engajados, mas fogem da luta real real.
Não é do Leblon que se derrubará a milícia da Zona Oeste.
Reeleição de parlamentares covardes também não ajudará em nada.
Se a esquerda não acordar quem o fará é o eleitor.
Se liga!
Fábio Lau é jornalista, editor do site de notícias Conexão Jornalismo.