A categoria critica a recusa do GDF em apresentar propostas, sob justificativa de limites orçamentários, e acusa o governo de fazer uma escolha política ao não priorizar a valorização dos profissionais da educação. A mobilização se intensifica após assembleias regionais e pode evoluir para greve caso não haja avanço nas negociações ainda nesta semana.
Por Vitoria Carvalho, da sucursal de Brasília
Nesta terça-feira (27/5), professores e orientadores educacionais da rede pública do Distrito Federal se reúnem em assembleia geral, com paralisação e indicativo de greve, a partir das 9h, no estacionamento entre o Eixo Cultural Ibero-Americano (antiga Funarte) e a Feira da Torre de TV. A categoria exige resposta do Governo do Distrito Federal (GDF) à campanha salarial em curso, que reivindica reajuste de 19,8% e reestruturação da carreira.

Desde o início do ano, o Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) tenta negociar com o governo Ibaneis Rocha e a vice-governadora Celina Leão. No entanto, a postura do Executivo tem sido de resistência. Na última reunião com a Comissão de Negociação do sindicato, realizada em 21 de maio, o GDF afirmou que não apresentaria qualquer proposta à categoria, alegando falta de condições financeiras e o suposto ultrapassamento do limite prudencial determinado pela Certidão Orçamentária do Tribunal de Contas do DF.
Para o Sinpro, esse argumento revela uma escolha política. Em nota pública, o sindicato afirma que o GDF poderia adotar medidas como a redução de renúncias fiscais e do perdão de dívidas, priorizando a valorização dos profissionais da educação. “Não atender às pautas dos(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais das escolas públicas é uma opção política do governo Ibaneis-Celina”, destaca o comunicado.
A assembleia desta terça-feira ocorre em um cenário de mobilização crescente. No dia 22 de maio, assembleias regionais mostraram unidade da categoria, que defende o uso de todos os instrumentos constitucionais à disposição dos trabalhadores para pressionar o governo até que uma proposta concreta seja apresentada.
Reestruturação da carreira
Entre as reivindicações da categoria, além do reajuste salarial de 19,8%, está a reestruturação da carreira. O objetivo é valorizar os profissionais do magistério por meio da ampliação do vencimento-base, a diminuição do tempo necessário para atingir o topo da tabela salarial e o aumento dos percentuais de titulação. Atualmente, as gratificações por especialização, mestrado e doutorado são de 5%, 10% e 15%, respectivamente — valores que a categoria considera defasados.
Também estão na pauta:
- Redução dos padrões de progressão de 25 para 15;
- Ampliação dos percentuais entre padrões salariais;
- Valorização da progressão horizontal por titulação.
A Secretaria de Educação do DF afirmou, em nota, que a participação na assembleia é uma decisão individual de cada servidor. Para as escolas que aderirem à paralisação, será proposto um calendário de reposição. A pasta também declarou manter uma mesa permanente de negociação com o Sinpro-DF.
Enquanto isso, a categoria mostra disposição para manter a mobilização e intensificar a luta por melhores condições de trabalho e valorização profissional. Caso não haja avanço nas negociações, a deflagração de greve pode ser confirmada ainda nesta semana.