Quarta, 23 de Fevereiro de 2022 às 12:39, por: CdB
O resultado dos índices divulgados nesta quarta-feira superou até as expectativas mais pessimistas de analistas do mercado financeiro que esperavam uma alta mediana de 0,87%. A taxa de inflação acumulada em 12 meses subiu a 10,76%, também a mais elevada em seis anos.
Por Redação - do Rio de Janeiro
Pressionada por reajustes em série de mensalidades escolares e de alimentos, a prévia da inflação oficial no país voltou a subir, em fevereiro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou alta de 0,99%, o maior resultado para o mês desde 2016, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Inflação registrada nos últimos meses já supera os índices de 2016, segundo a série histórica do IBGE
O resultado superou até as expectativas mais pessimistas de analistas do mercado financeiro que esperavam uma alta mediana de 0,87%. A taxa acumulada em 12 meses subiu a 10,76%, também a mais elevada em seis anos.
— Já não é segredo para o mercado que só vamos ver um IPCA abaixo de dois dígitos ao fim do segundo trimestre. Eventualmente, a inflação em 12 meses pode acelerar e ficar próxima de 11%, isso não pode ser descartado — afirmou a jornalistas a economista-chefe da corretora Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, que conta com uma mudança em maio da bandeira tarifária que incide sobre a conta de energia elétrica, atualmente de "escassez hídrica".
Alimentação
Em fevereiro, os reajustes de mensalidades escolares no início do ano letivo impulsionaram os gastos das famílias com Educação, que subiram 5,64%, grupo de maior impacto no IPCA-15, uma contribuição de 0,32 ponto porcentual. Os cursos regulares aumentaram 6,69%. Houve altas de preços no ensino fundamental (8,03%), pré-escola (7,55%), ensino médio (7,46%), creche (6,47%) e ensino superior (5,90%). Também ficaram mais caros o curso técnico (4,40%) e a pós-graduação (2,93%).
Os gastos das famílias com alimentação e bebidas subiram 1,20% em fevereiro, uma contribuição de 0,25 ponto porcentual para a taxa do IPCA-15 deste mês. O custo da alimentação no domicílio avançou 1,49%, com o encarecimento da cenoura (49,31%), batata-inglesa (20,15%), café moído (2,71%), frutas (1,75%) e carnes (1,11%). Na direção oposta, as famílias pagaram menos pelo frango inteiro (-1,97%), arroz (-1,60%) e frango em pedaços (-1,31%). A alimentação fora do domicílio subiu 0,45% em fevereiro.
— De forma geral, a inflação brasileira continua sendo pressionada pela recomposição de margens das cadeias produtivas. A maior parte dos empresários teve aumento em seus custos de produção e ainda não conseguiu repassar tudo isso. Ainda tem muita recomposição de margem represada, e isso tende a continuar pressionando a inflação ao longo dos próximos meses — resumiu Eduardo Cubas, sócio e chefe de alocação de recursos da gestora Manchester Investimentos.