Operação no DF prende nove pessoas, apreende mais de 3 mil pacotes e descobre laboratório com capacidade para 200 quilos mensais.
Por Redação, com Agenda do Poder – de Brasília
Na manhã desta quinta-feira, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou a maior operação já realizada no Brasil contra a produção e a distribuição de cogumelos alucinógenos, popularmente conhecidos como “cogumelos mágicos”. Nove pessoas foram presas e mais de 3 mil pacotes, que eram comercializados pela internet e enviados pelos Correios, foram apreendidos.

As investigações apontam que o grupo abastecia consumidores em diversos Estados, como Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pará, Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo. No DF, os agentes cumpriram mandados em Águas Claras e Taguatinga.
Os cogumelos apreendidos continham psilocibina, substância psicodélica proibida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por apresentar riscos severos à saúde.
Riscos e efeitos dos cogumelos
O delegado Waldek Fachinelli, responsável pela operação, destacou os perigos associados ao consumo da psilocibina. “Entre esses diversos efeitos estão a psicose, transtornos mentais, desconexão da realidade e paranoia. Pode haver, inclusive, a recorrência espontânea dos efeitos da droga, ou seja, anos depois, a pessoa pode apresentar a mesma reação”, explicou.
Segundo os investigadores, os cogumelos eram principalmente consumidos por jovens frequentadores de festas de música eletrônica. O grupo usava as redes sociais como vitrine, atraindo clientes com estratégias de marketing que associavam os cogumelos a diversão e experiências intensas.
Esquema em modelo de dropshipping
A investigação revelou que a organização operava no modelo de dropshipping: anunciava os produtos online e enviava diretamente para os consumidores pelos Correios, sem manter grandes estoques aparentes. Embora houvesse cultivo próprio no DF, a produção local não era suficiente para atender à demanda crescente.
O núcleo da operação foi localizado em Curitiba (PR), onde os criminosos mantinham galpões que funcionavam como laboratórios e salas de cultivo, capazes de produzir até 200 quilos de cogumelos por mês.
Entre 2024 e 2025, foram rastreadas 3.718 encomendas destinadas apenas ao Distrito Federal, somando mais de 1,3 tonelada de cogumelos.
R$ 26 milhões em um ano
Além da produção e distribuição, o grupo investia em fortes estratégias de marketing. Patrocinava feiras e festivais de música eletrônica e usava influenciadores digitais e DJs como promotores, ampliando a penetração da droga em públicos jovens.
As autoridades estimam que a organização movimentou R$ 26 milhões em apenas um ano com a venda de cogumelos alucinógenos.
Próximos passos na Justiça
Os detidos responderão por tráfico de drogas qualificado, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. Também poderão ser responsabilizados por crimes como publicidade abusiva, curandeirismo e até disseminação de espécies que possam colocar em risco a agricultura, a pecuária e os ecossistemas.