Rio de Janeiro, 16 de Junho de 2025

Plano Real, após 25 anos, não resolveu graves assimetrias

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Segunda, 01 de Julho de 2019 às 11:08, por: CdB

Com a queda da inflação, houve uma natural mudança da pesquisa em macroeconomia, já que inflação e o combate a ela deixaram de ser o tema mais premente da discussão em economia.

 
Por Redação, com ABr - de Brasília
  Os brasileiros com mais de 40 anos têm fácil memória das estratégias das famílias para mitigar os efeitos da hiperinflação sobre a renda nos anos 1980 e 1990. — Era uma ginástica danada. Tinha que ir atrás de promoções e nem sempre eram suficientes — conta Rute Maria de Souza, dona de um restaurante self-service há quase 30 anos na zona central de Brasília.
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O real não resolveu as questões referentes ao crescimento do país, constata economista
Tendo que repor constantemente a despensa da cozinha do estabelecimento, a empresária ia mais de uma vez ao dia em supermercados e sempre via a mesma cena: — Eu me lembro das remarcações no mercado. Quando chegava, lá estava a maquininha trabalhando.

Inflação

Para fugir das intermináveis remarcações, a então professora de ensino fundamental Cléia Gerin, mãe de quatro filhos, estocava alimentos, material de limpeza e sabão para lavar roupa. — O feijão ficava velho, e assim era mais difícil de cozinhar. Acabava que gastava mais gás — comenta, ao citar a necessidade de sempre comprar mais do que efetivamente precisava no mês para fugir da imparável subida de preços. Mas implementação do Plano Real, apesar da vitória de erradicar a hiperinflação que assolou a economia brasileira nos anos 1980 e 1990, não promoveu o crescimento sustentável. Desde a entrada em vigor das medidas, em 1994, o país alterna momentos de expansão com recessões profundas.

Microeconomia

Professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e presidente da Associação Nacional de Centros de Pós-Graduação em Economia (ANPEC), Roberto Meurer indica que a implementação do Plano Real e o fim da hiperinflação mudaram a pesquisa acadêmica e os interesses das dissertações de mestrados e teses de doutorados. — Com a queda da inflação, houve uma natural mudança da pesquisa em macroeconomia, já que inflação e o combate a ela deixaram de ser o tema mais premente da discussão em economia. O que se viu foi, em termos amplos, uma gradual migração de parcela relevante da pesquisa da área de macroeconomia aplicada (como relação entre grandes variáveis da economia) para a microeconomia aplicada (que estuda o comportamento dos agentes econômicos) — resumiu Meurer.
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