Investigação revelou a existência de uma tabela com preços para o monitoramento e assassinatos de autoridades, entre elas senadores e ministros do STF.
Por Redação, com CartaCapital – de Brasília
A Polícia Federal (PF) prendeu cinco pessoas durante uma operação realizada nesta quarta-feira. Elas são suspeitas de envolvimento em um suposto esquema de venda de sentenças na Justiça do Mato Grosso e no Superior Tribunal de Justiça (STF).
O caso tem relação direta com o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023. Zampieri foi executado em frente ao seu escritório em Cuiabá. Ao iniciar as investigações, a PF percebeu a existência do esquema de venda de decisões no Judiciário.

As diligências ganharam força à medida que os investigadores foram colhendo provas no celular do advogado morto. Segundo a PF, o esquema se estruturava com o pagamento de propina a desembargadores e ministros do STJ.
A ação desta quarta também cumpre quatro mandados de monitoramento eletrônico e seis mandados de busca e apreensão em Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. As autoridades ainda não confirmaram os nomes das pessoas presas preventivamente. Segundo a TV Globo, esses alvos são:
Aníbal Manoel Laurindo, produtor rural e suposto mandante do assassinato do advogado;
coronel Luiz Cacadini, suposto financiador do crime;
Antônio Gomes da Silva, suposto atirador;
Hedilerson Barbosa, suposto intermediador e dono da pistola usada no assassinato; e
Gilberto Louzada da Silva, que não teve seu papel no crime descrito.
Em relação à execução, a PF suspeita que o grupo tenha contratado pessoas especializadas em espionagem e homicídio sob encomenda para assassinar o advogado.
A operação deflagrada nesta quarta-feira foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Pagamentos por assassinatos
Segundo informações obtidas pela GloboNews, o grupo contratado para matar o advogado mantinha tabelas impressas com o “preços” para cada assassinato. O arquivo estabelecia valores conforme a função de cada potencial vítima. O esquema de precificação incluía a morte de “figuras normais” por R$ 50 mil; de deputados por R$ 100 mil; de senadores por R$ 150 mil; e de ministros ou membros do judiciário por R$ 250 mil.
A investigação revelou ainda o que o grupo pretendia usar de perucas e bigodes como disfarce nestas ações. Outra ferramenta seria o uso de drones para atividades de vigilância e reconhecimento desses alvos.
O grupo criminoso havia listado materiais e veículos que poderiam ser acionados nas operações, incluindo um arsenal e equipamentos especializados. Entre os itens, estavam cinco fuzis com silenciadores, quinze pistolas, munição diversa, lança-rojão do tipo AT 34, minas magnéticas e explosivos com detonação remota.
A investigação aponta que a organização dispunha de cinco veículos usados, cinco carros pequenos e médios, além de placas frias para dificultar a identificação dos automóveis utilizados. Esses automóveis serviriam para garantir mobilidade nas operações.
Pacheco na mira
A organização criminosa investigada, segundo a investigação citada pela emissora, se intitulava como “Comando C4”, uma referência à expressão “Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos”.
A investigação também apontou que um dos alvos dos criminosos seria o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ainda não há detalhes sobre o plano contra o senador, nem sobre qual o real nível de monitoramento montado ou sobre quais motivações o grupo teria para o assassinato do parlamentar. Pacheco não comentou a revelação da emissora.