Segundo a PF, o grupo liderado por Adilsinho possuía fábricas com forte atuação no Paraná e distribuía produtos contrabandeados para 45 dos 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A Polícia Federal identificou uma estrutura criminosa de grande porte montada por Adilson Oliveira Coutinho Filho, conhecido como Adilsinho, que movimentou milhões de reais por meio da fabricação e venda clandestina de cigarros desde 2018. De acordo com as investigações, parte do lucro do esquema foi usado para financiar a corrupção de agentes públicos, investir em negócios ilegais no Paraná e sustentar uma vida de luxo nos Estados Unidos. As informações são do portal G1.

Segundo a PF, o grupo liderado por Adilsinho possuía fábricas com forte atuação no Paraná e distribuía produtos contrabandeados para 45 dos 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro. O dinheiro obtido com o comércio ilegal foi utilizado para a aquisição de bens de alto valor, como uma aeronave Cessna Citation III, modelo 1989, vendida em 2021, além de cinco veículos importados, incluindo duas Ferraris, uma branca, mantida no Brasil, e outra vermelha, destinada à Flórida, nos Estados Unidos.
De acordo com os investigadores, a Ferrari foi financiada entre 2016 e 2022 com recursos provenientes das atividades ilegais da quadrilha. Também foi identificada uma transferência de US$ 1 milhão feita por Adilsinho em maio de 2020 para os Estados Unidos, com o objetivo de obter um visto de residência e dar aparência legal ao dinheiro ilícito.
Em nota, a defesa de Adilsinho alegou que ele é inocente e justificou sua fuga das autoridades.
“Em relação aos fatos imputados a Adilson Oliveira Coutinho Filho, reitera o investigado a sua inocência, estando por essa razão foragido, para diante da ampla defesa e o contraditório esclarecer os fatos no Poder Judiciário. Reitera que na hipótese de cumprimento dos mandados judiciais pendentes, jamais se oporá ao seu cumprimento, para responder as acusações pendentes de esclarecimento”, diz o comunicado.
Operação Libertatis 2
A investigação da operação Libertatis 2 também revelou um elo financeiro entre o Rio de Janeiro e o Paraná. A PF descobriu uma série de depósitos feitos por um funcionário da Adiloc, empresa de Adilsinho, que saía da filial na Barra da Tijuca para realizar depósitos fracionados em agências bancárias da região. Em 6 de abril de 2022, por exemplo, foram 11 depósitos em apenas meia hora, totalizando R$ 6 mil em uma lotérica no Paraná. Em dias seguintes, outras três empresas, uma construtora e duas concessionárias, também receberam depósitos suspeitos.
Essas empresas pertencem a dois irmãos denunciados pelo Ministério Público do Paraná por integrarem uma organização criminosa especializada no fornecimento de tecnologia e software para a exploração do jogo do bicho. Segundo o MP, eles seriam os controladores da chamada Banca Favorita.
Uma nova leva de depósitos foi registrada no dia 13 de abril daquele ano: 20 transações em dinheiro totalizando R$ 38 mil para uma locadora de veículos no Paraná, também ligada aos irmãos investigados.
As dimensões do poder de Adilsinho e seu perfil intimidador também aparecem em escutas realizadas pela Polícia Federal. Em conversas gravadas em 2023, dois advogados investigados por suposta ligação com a quadrilha demonstraram temor em relação ao contrabandista:
“Tenho medo desse cara. Ele é muito inteligente”, disse um dos advogados.
“É perigosíssimo”, completou o outro.
A PF segue em busca de Adilsinho, que está foragido, enquanto tenta rastrear os bens e desmantelar a rede de negócios usada para lavar o dinheiro do contrabando de cigarros e demais atividades ilegais.