Rio de Janeiro, 04 de Setembro de 2025

PF: ex-secretário recebeu dinheiro da facção para agir contra Bope

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Quinta, 04 de Setembro de 2025 às 12:43, por: CdB

De acordo com a Polícia Federal, Carrecena e Tiego tentavam “assumir o controle de setores estratégicos do Estado”, influenciando nomeações na Polícia Militar e obstruindo operações em áreas dominadas pela facção.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

A prisão preventiva do ex-secretário de Esportes Alessandro Pitombeira Carracena, decretada na quarta-feira, expõe o papel estratégico que ele desempenhava dentro da estrutura política da organização criminosa Comando Vermelho (CV). Documentos da investigação, obtidos com exclusivadade pela Agenda do Poder, mostram que Carracena integrava o núcleo político do grupo, sendo responsável por fornecer informações privilegiadas, articular medidas junto a órgãos públicos e até solicitar a retirada de forças do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da comunidade Gardênia, em troca de pagamentos vultosos

PF: ex-secretário recebeu dinheiro da facção para agir contra Bope | Carracena assumiu a Secretaria de Esportes em abril de 2022
Carracena assumiu a Secretaria de Esportes em abril de 2022

O elo entre política e crime

As decisões judiciais que fundamentaram a prisão destacam que Carrecena atuava como “ponte” entre o crime organizado e instituições estatais. Ele recebia valores expressivos para garantir proteção às atividades ilícitas do CV e facilitar decisões que interessavam à facção. A atuação se dava em sintonia com o deputado estadual Thiego Raimundo de Oliveira Santos, conhecido como TH Joias, apontado como o operador político do Comando Vermelho.

Segundo a representação da Polícia Federal, a dupla Carrecena e Thiego buscava “capturar setores estratégicos do Estado”, seja influenciando nomeações na Polícia Militar, seja impedindo operações policiais em áreas controladas pela facção.

O funcionamento da organização

Os autos descrevem uma estrutura dividida em núcleos:

Liderança: comandada por Luciano Martiniano da Silva, o “Pezão”, e por Thiego Raimundo (TH Joias);

Político: sob responsabilidade direta de Alessandro Pitombeira Carrecena;

Logístico: Luiz Eduardo Cunha Gonçalves (“Dudu”), Gabriel Dias de Oliveira (“Índio do Lixão”), entre outros;

Financeiro: operadores que lavavam capitais e adquiriam bens de luxo;

Operacional: integrantes infiltrados em órgãos de segurança que vazavam informações sobre operações policiais.

A divisão funcional demonstra a sofisticação da organização criminosa e a relevância de Carrecena, cuja função extrapolava o mero assessoramento político, alcançando o núcleo decisório da facção.

Trechos relevantes do processo

O Tribunal Regional Federal da 2ª Região ressaltou a gravidade dos indícios:

“O material probatório indica a existência de um eixo de articulação ilícita entre agentes do Comando Vermelho e figuras do cenário político fluminense, com especial destaque para a atuação criminosa do deputado estadual Thiego Raimundo de Oliveira Santos, conhecido como TH Joias, e de seu operador político Alessandro Pitombeira Carrecena.”

“A atuação coordenada do grupo revela a tentativa de capturar setores estratégicos do Estado, remover obstáculos institucionais e assegurar a dominação territorial do Comando Vermelho.”

Quadro-resumo das acusações contra Alessandro Pitombeira Carrecena

Núcleo

Acusação

Detalhes

Político

Fornecimento de informações privilegiadas

Informava sobre operações policiais e solicitava retirada de forças do BOPE da Gardênia

Político

Interferência em órgãos públicos

Buscava influenciar nomeações na PM e infiltração em entidades comunitárias

Financeiro/Político

Recebimento de valores ilícitos

Pagamentos em troca de proteção às atividades do CV

Estrutural

Conexão com TH Joias

Atuava ao lado do deputado estadual como elo entre facção e instituições

A prisão de Alessandro Pitombeira Carrecena evidencia a profunda infiltração do Comando Vermelho na esfera política do Rio de Janeiro. Ao lado de TH Joias, ele exercia papel fundamental na tentativa de blindagem institucional da facção.

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