Esta é a quarta semana consecutiva em que as projeções do mercado aumentaram. Os índices constam do Relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira. O documento é uma compilação das projeções do mercado para os principais indicadores da economia brasileira.
Por Redação - de Brasília
Ao admitir que os índices de inflação para este ano estão, irreparavelmente, acima do teto, o Banco Central (BC) já começa a ver as projeções do mercado financeiro para o IPCA - o índice oficial de preços - se distanciarem também do alvo para 2022. Em meio aos choques mais recentes de preços, o índice calculado pelos economistas de bancos e corretoras para o próximo ano já está em 3,90%, acima dos 3,50% do centro da meta do BC.
Idoso observa, ao fundo, o prédio do Banco Central em Brasília, onde são finalizados os cálculos sobre a inflação para a Terceira Idade
Esta é a quarta semana consecutiva em que as projeções do mercado aumentaram. Os índices constam do Relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira. O documento é uma compilação das projeções do mercado para os principais indicadores da economia brasileira. Apesar de os economistas já calcularem uma inflação de 3,90% para o próximo ano, o BC manteve, na semana passada, a projeção de que o IPCA será de apenas 3,50% - exatamente o centro da meta a ser atingida pela instituição.
Longo prazo
Este aparente descompasso entre as projeções do BC e do mercado financeiro surge na esteira de erros recorrentes da própria autarquia ao projetar a inflação de curto prazo no Brasil nos últimos meses. Desde o início do segundo semestre de 2020, quando a alta das commodities no mercado internacional passou a impulsionar os preços de alimentos no Brasil, o BC vem errando seguidamente, para baixo, suas projeções de inflação de curto prazo.
De julho de 2020 a julho de 2021, o BC subestimou a inflação em suas projeções em 9 dos 13 meses considerados. No episódio mais recente, calculou uma inflação de apenas 0,39% em julho, enquanto o IBGE revelou uma taxa de 0,96% - mais que o dobro - na semana passada.
Em eventos públicos também na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Monetária, Bruno Serra, reconheceram que a instituição se surpreendeu com a inflação de curto prazo mais recentemente. De acordo com Campos Neto, existe hoje um processo de revisão de expectativas de curto prazo que começou a contaminar o longo prazo.